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Virgem aos 60

5337 palavras | 2 |4.64
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Nota do Autor: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real, é mera coincidência.
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Hoje, 14 de agosto de 2018, exatamente um mês após meu sexagésimo terceiro aniversário, volto ao Rio de Janeiro, treze anos depois de minha última visita.
Ao contrário de treze anos atrás, que foi uma rápida estadia de uma semana após uma viagem decidida de última hora, agora eu vim para ficar.
Chego de São Paulo, com o ônibus-leito da meia noite e, logo após o desembarque na rodoviária, pego um taxi para ir até meu apartamento no bairro da Portuguesa, na Ilha do Governador.
Prédio antigo, sem elevador, tenho usar de toda minha boa forma física para carregar minhas malas até o último dos três andares.
Quando abro a porta do apartamento sinto o inconfundível cheirinho de limpeza.
A diarista seguramente esmerou-se na faxina antes de minha chegada.
Que diferença respeito a arrumação meia-boca dos containers onde morei boa parte de minha vida de trabalho.
Vou deixar para a tarde as compras no supermercado, e para amanhã a ida ao centro para cuidar de meus negócios.
Agora eu quero tomar um banho, colocar uma bermuda e dar um passeio a pé pelo bairro.
Quando saio na rua passo, como primeira coisa, na padaria onde, muitos anos atrás, comprava pão, quase todo dia.
Obviamente ninguém me reconhece, eu não reconheço ninguém e até o local, reformado em período relativamente recente, é difícil de reconhecer.
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Meu pai e eu nos mudamos para o apartamento em 1971.
Anteriormente morávamos nos fundos da oficina mecânica de meu pai, neste mesmo bairro.
No início dos anos 70, os negócios na oficina começaram a deslanchar, assim que meu pai decidiu gastar um pouco para si mesmo.
Além do apartamento, obviamente financiado, comprou nestes mesmos anos um Veraneio e uma moto batidas, que ele mesmo reformou totalmente, e comprou de um vizinho, que passava por dificuldades econômicas, uma segunda vaga de garagem no prédio para onde nos mudamos.
Meu pai queria que eu, além de estudar, trabalhasse, assim logo que eu completei os 14 anos, comecei a trabalhar na sua oficina, regularmente registrado.
Após conseguir passar no vestibular, comecei a cursar engenharia no Fundão, em 1974.
Ele torceu um pouco o nariz mas, já que eu dava um jeito para continuar a ajuda-lo na oficina, resolveu não ir contra os meus desejos.
Diferente foi quando, recém-formado, em janeiro de 1979, comuniquei-lhe que ia trabalhar em uma multinacional norueguesa que atuava no ramo de prospeção de petróleo, a mesma firma com a qual trabalhei até ontem.
Teve uma briga homérica entre nós e, praticamente, ficamos sem falar desde aquele momento.
Minha vida daí para diante, foi uma sucessão de canteiros de obra, nos lugares mais inóspitos do planeta, com brevíssimas passadas em São Paulo, a sede no Brasil da firma, aonde eu me alojava em algum hotel.
Em 2005, eu me encontrava em um canteiro no Kuwait, quando fui contatado pelo Gomes, que me avisou que meu pai tinha vindo parar em uma UTI, após um derrame.
O Gomes tinha-se tornado o braço direito de meu pai depois que, por causa da idade, ele não conseguira mais cuidar da oficina sozinho.
Eu viajei o mais rápido o possível para o Rio, e consegui chegar algumas horas antes de que ele falecera sem nunca recobrar a consciência.
Desta vez fiquei uma semana, cuidando dos assuntos práticos.
Arrumei o funeral, dei inicio ao trâmite da sucessão, facilitado por eu ser o único parente vivo, e arranjei uma Administradora para que cuidasse do apartamento e dos assuntos no dia à dia.
Vendi a oficina para o Gomes, em troca de um pagamento bem facilitado.
Antes de eu voltar para o canteiro, o Gomes fez questão de entregar-me um armário com as ferramentas pessoais de meu pai, das quais ele tivera, em vida, um ciúme quase doentio.
Poucas pessoas estiveram no funeral de meu pai, em particular nenhuma mulher, excetuando-se a esposa do Gomes.
Meu pai era profundamente misógino, e eu nunca o vi perto de uma mulher.
Não sei o que aconteceu entre ele e minha mãe, da qual conheço somente o nome, mas seguramente deve tê-lo amargurado de tal forma que marcou o resto de sua vida. São coisas que ele nunca quis comentar comigo.
Devo dizer, porém, que ele conseguiu contagiar-me com este seu sentimento para com as mulheres, pois nunca consegui aproximar-me a uma.
Depois desta melancólica parêntesis, continuei a minha vida sempre focado no trabalho, até dez dias atrás.
Estava em uma reunião escutando o representante do cliente, que devia ter menos da metade de minha idade, falar uma bobagem atrás da outra, e eu não podia replicar nada.
De repente, enchi o saco: pensei que podia estar em outros lugares, em vez de fingir interesse pelas falas de um babaca.
Terminada a reunião avisei meu vice que eu tinha que voltar urgentemente para São Paulo.
Cheguei de supetão na firma, onde comuniquei que ia entrar no programa de demissão voluntária que eles tinham aberto.
De nada valeram as tentativas de negociação do meu diretor: minha decisão era irrevogável.
Em poucos dias, resolveram-se as questões burocráticas relativas ao meu desligamento, aproveitei também para pedir a aposentadoria do INSS, e agora estou aqui, livre e solto, como nunca estive na vida.
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Almoço na padaria mesmo, depois volto para o apartamento.
No início da tarde desço para garagem.
Lá estão a Veraneio de 1969 e a Honda 750 Four de 1972, heranças de meu pai.
As duas máquinas estão totalmente restauradas e acabaram de ser revisadas, conforme minhas instruções à Administradora.
A vontade de pegar a Honda é forte mas, para ir ao supermercado, a Veraneio é seguramente mais indicada.
Faço uma boa compra, quando volto, encho geladeira, freezer e dispensa.
Depois disto o cansaço da viagem se faz sentir: não consigo manter os olhos abertos, caio na cama e durmo até o dia seguinte.
De manhã, decido ir para o Centro de ônibus.
Vou direto para sede da Administradora.
Lá renegocio os serviços que ela me presta, já que agora vou estar definitivamente no Brasil.
No dia seguinte vou para o Iate Clube Jardim Guanabara, onde tomo posse de um barco a vela de 4 metros, que comprei pela Internet.
Em 1970 meu pai tinha virado sócio do Clube e durante umas duas temporadas, eu tinha tido aulas de vela com barco bem parecido com este que comprei.
Nunca mais tinha tido a oportunidade de velejar, mas agora que tenho bastante tempo, pretendo voltar a faze-lo.
Experimento o barquinho, que dá para ser manobrado facilmente por uma só pessoa, e gosto muito.
Volto para o apartamento, abro uma cerveja gelada, e sou surpreendido pela campainha do intercomunicador.
– Sim?-
– Seu Carlos, sou Maria do Carmo, a diarista. Posso subir?-
– Claro.-
Quando abro a porta encontro-me na frente uma senhora de meia idade, mulata clara, ligeiramente sobrepeso.
Depois dos comprimentos de praxe, pergunto para ela:
– Pois não, Maria, o que posso fazer por você?-
– É que a Administradora me disse que o senhor pretende continuar com os meus serviços, só que, a partir de agora, uma vez por semana. Sobre o salário eu vejo diretamente com a Administradora. Agora, eu queria entrar de acordo com o senhor sobre qual dia da semana tenho que vir, e se tenho que devolver as chaves que estão comigo.-
– Bom seguramente eu prefiro que você fique com as chaves. Sobre o dia, para mim tanto faz: veja você qual te convém mais.-
– Então pode ser terça a partir das oito da manhã?-
– Perfeito!-
Depois de nossa breve conversa, Maria se despede e sai.
A minha idéia é, obviamente, aproveitar para ir velejar às terças, para que não nos estorvemos.
A primeira semana dá certo, já a segunda semana, uma forte chuva vem atrapalhar meus planos.
Resolvo então dar uma verificada no armário das ferramentas de meu pai, que ainda não abri desde que cheguei.
Este robusto armário metálico, que fica em um canto da área de serviço, é o único em todo o apartamento fechado por um cadeado.
Abro-o, e estou verificando que tudo esteja em ordem, quando Maria passa atrás de mim.
Ela olha, curiosa, o conteúdo do armário, que nunca antes viu aberto, e pergunta, indicando um aparelho na parte mais baixa do móvel:
– Esta daí é uma máquina de solda?-
– Sim!- respondo eu.
– E, funciona?-
– Bom, era de meu pai e eu nunca usei, mas, em teoria deveria funcionar.-
– O senhor sabe soldar?-
– Sei sim!-
Comecei a soldar, na oficina, com catorze anos e posteriormente fiz alguns cursos e alguma prática durante o minha vida nos canteiros.
– Ah, bom!- comenta ela, e volta a trabalhar.
No momento de despedir-se ela pergunta:
– Seu Carlos, o senhor gosta de carnaval?-
A pergunta soa-me tão estranha, que ela tem que repeti-la.
Respondo:
– Não, não gosto.-
– Que pena…-
– Por quê, Maria?-
– E que eu participo de uma Escola de Samba, e se o senhor gostasse, poderia participar também.-
Caio na gargalhada:
– Fazendo o quê? Não sei sambar nem tocar nenhum instrumento!-
– Mas sabe soldar! Isto também é necessário para um desfile.-
– Ah, tá bom! Vou pensar no assunto.-
Quando ela sai, penso mais seriamente no assunto e, aquilo que me parecia um absurdo, até que faz sentido.
No fundo atualmente eu não estou fazendo nada e, à diferença dos compromissos de trabalho, se alguém vier encher-me o saco, mando para a puta que pariu, e vou embora.
Assim que, na semana seguinte, entro de acordo com a Maria e marcamos uma visita na Escola para a mesma noite.
Às sete ela passa pelo meu apartamento e, juntos, vamos com o Veraneio até o barracão da Escola.
Lá sou recebido pelo capataz, que fica feliz em poder contar com um soldador que, além de tudo, vai trabalhar de graça, com sua própria máquina de solda e seus eletrodos.
Me mostra o que está sendo feito no barracão, e eu fico surpreendido pelo fato que tenham trabalhos de preparação já em setembro.
Começo assim meus trabalhos pela Escola de Samba.
O pessoal é bem legal e o ambiente é bem descontraído.
Logo eu começo a ser respeitado pela minha habilidade e experiência, chegando a dar minha contribuição no projeto estrutural dos carros alegóricos.
Uma noite, no início de novembro, estou indo embora do barracão, entre os últimos, quando encontro com a Maria.
– Boa noite, Maria. Tudo bom? Faz tempo que a gente não se vê.-
Calhava de termos freqüentemente horários diferentes no barracão, onde trabalhávamos em lugares distintos, e mesmo às terças dificilmente nos encontrávamos, pois normalmente eu saia cedo para velejar.
– Boa noite, seu Carlos! Pois é: está difícil a gente se encontrar. O senhor está gostando de trabalhar aqui?-
– Shh…, Maria, não fala esta palavra: “trabalho”. Eu considero que estou divertindo-me entre amigos. O pessoal daqui é bem bacana!-
– Que bom, seu Carlos, que o senhor esteja gostando.-
Ela faz uma pausa, depois, como tomando coragem, pergunta:
– Eu poderia pedir um grande favor para o senhor?-
– É claro, Maria!-
– É que todos que têm condução já foram embora, o ônibus a esta hora está difícil, além de me deixar bem longe de casa… O senhor poderia dar-me uma carona até minha casa?-
– Estaria encantado de dar-te carona, se estivesse com a Veraneio, mas hoje eu vim com a Honda.-
– Não tem problema, eu ando numa boa de moto.-
– É que eu só tenho um capacete comigo.-
– Isto a gente resolve fácil: o Zé tem no seu armário um capacete de reserva, justamente para estas eventualidades.-
Encontro-me, então, sem nenhum argumento para rebater.
Maria entra no barracão e volta, instantes depois, com o capacete já na cabeça.
Ela me dá as indicações e partimos.
Ela não tem nenhum constrangimento em me abraçar por trás, já eu sinto algum incomodo nisto.
A verdade é que nunca cheguei a ter um contato tão próximo com uma outra pessoa.
Até meu pai, talvez a única pessoa com a qual eu tive uma certa intimidade na vida, evitava de abraçar-me, preferindo uma palmadinha nas costas.
“Incomodado”, quiçá não é termo mais certo pelo que eu sinto.
Sinto uma sensação estranha com o calor e a maciez que me passa este abraço, uma sensação que, seguramente, me tira de minha zona de conforto.
Finalmente chegamos na casa da Maria,
É uma destas casas no morro que ficam em vários níveis e, mesmo sendo modesta, tem uma aparência de bem cuidada.
Maria desce da moto, tira o capacete e me diz:
– Muito obrigado, seu Carlos, esta carona foi uma mão na roda.- e, logo em seguida acrescenta:
– Mas, por favor, entra para tomar alguma coisa. Eu sei que o senhor não vai querer tomar uma cervejinha, porque está pilotando a moto, mas um cafezinho ou um suco eu posso preparar para o senhor.-
– Muito obrigado, Maria, mas eu estou um pouco cansado e prefiro ir para casa.-
– Mais uma razão, para entrar aqui em casa e descansar um pouquinho. Se o senhor não entrar, eu vou considerar uma desfeita. E não se preocupe pela moto: aqui a vizinhança é ótima e ninguém vai encostar um dedo nela.-
Estou em uma sinuca de bico: não me resta que aceitar.
Deixo o capacete na moto e entramos na casa, que fica no nível inferior.
Logo na entrada tem a sala, e sentada no sofá está uma moça de bermuda, top e chinelo de dedo assistindo televisão.
Quando ela se levanta para vir cumprimentar-me a reconheço.
É uma das passistas da Escola, não sei como se chama, eu só a vi de longe no barracão, mas seguramente é uma das mais bonitas ou talvez a mais bonita de todas.
Alta, coxas grossas e musculosas, peito farto e firme, cintura fina e uma curva dos quadris de deixar qualquer marmanjo babando.
Mulata clara, tem o cabelo preto, longo e encaracolado, um rosto bonito e um sorriso de derreter um bloco de gelo.
– Seu Carlos, apresento-lhe Verônica, minha filha. Verônica, este e seu Carlos, aonde eu trabalho às terças.-
– Encantada! Escuto falar tão bem de você lá na Escola, mas nunca chegamos a nos encontrar pessoalmente.-
Eu, que perdi a fala diante de tanta beleza, fico sem ação quando ela chega bem perto de mim, me abraça e me dá dois beijinhos.
Quando, no abraço, seus fartos seios encostam no meu peito, sinto quase um choque elétrico.
– Seu Carlos, o senhor vai querer suco ou café?- pergunta Maria.
– Café, obrigado.- respondo, sem nem pensar.
Verônica senta no sofá e, sorrindo, indica o lugar ao lado dela, dizendo:
– Carlos, você pode sentar aqui ao meu lado: eu não mordo.-
Sento ao lado dela, tentando ficar o mais longe possível.
Ela ri e diz:
– Parece que você não acredita que eu não mordo!-
Esta menina conseguiu realmente tirar-me de minha zona de conforto, e não para de me cutucar.
– Mas, Carlos, diga-me: a que devemos tua visita?-
– Eu dei uma carona para a senhora sua mãe.-
A este ponto intervém Maria, que está chegando da cozinha, com minha xícara de café na mão:
– Ele me deu carona de moto. Alias uma moto diferentona, muito bonita e gostosa de andar.-
Curiosa, Verônica pergunta:
– Carlos, que moto é esta?-
Aliviado, por poder falar de assuntos triviais, respondo:
– É uma Honda 750 Four, uma moto de época: de 1972.-
– Eu acho que cheguei a ver esta moto estacionada na frente do barracão: é um tesão. Morro de vontade de experimenta-la, como garupa, é claro, porque eu não sei pilotar moto. Podemos dar uma volta, agora?-
Eu quase engasgo com o meu café.
– Eu não sei…-
Fazendo beicinho ela diz, com voz de criança:
– Please…-
Eu, que nunca tive contato com mulheres, sinto-me totalmente desamparado diante deste concentrado de feminilidade.
É como se eu tivesse subido no ringue contra o Mike Tyson dos tempos áureos: não sei como me defender.
Ela levanta-se, pega o capacete que usou a mãe, me pega pela mão e me leva, escada acima, até a moto.
Quando subo na moto ela sobe atrás de mim e gruda nas minhas costas feito um selo.
Parto devagar, mas ela fala através dos capacetes:
– Vai até a avenida e acelera, que eu gosto de velocidade.-
Faço o que ela me pede e faço roncar os quatro cilindros, acelerando a moto: só espero não levar multa.
A sensação do corpo dela, e especialmente dos seios, grudados nas minhas costas, agora me excita até ficar de pau duro.
Resolvo então cortar por aí o passeio.
Logo que posso, dou meia volta e regressamos à casa de Maria.
Verônica desce e eu, sem apagar a moto, digo:
– Acho, que vou indo para casa…-
– Está bem. Mas desce, pelo menos, para despedir-te de minha mãe.-
Apago a moto e faço o que ela pede.
Quando entramos na casa, lá está Maria, sentada no sofá, assistindo televisão na sala.
– Vim despedir-me!- já vou falando eu.
Ela levanta-se e responde:
– Não vai querer outro cafezinho ou um suco, antes de sair?-
– Não, não! Agora já estou de saída mesmo.-
– Está bem. Como foi o passeio?-
Quem responde é Verônica, que acabou de sentar no sofá:
– Foi maravilhoso, mamãe. Você tinha razão, aquela moto é um tesão, por não falar do gato do piloto: eu quase molhei as calcinhas.-
Eu não se onde esconder-me e devo ter ficado vermelho como um pimentão, porque Verônica cai na gargalhada.
– Menina! Olha o respeito! Eu peço desculpa: os jovens de hoje em dia são muito abusados.-
Neste momento, entra na sala uma menininha, com cara de sono, vestindo um pijama de malha bem colorido.
– Mamãe! Eu acordei.- e corre para o colo da Verônica.
Depois ela olha para mim, que estou plantado no meio da sala feito um poste, já que não achei nenhum buraco para me esconder.
– Você quem é?-
Já que estou sem ação, quem responde é Verônica:
– É Carlos, um amigo da mamãe e da vovó.-
– Carlos, senta que eu te apresento à Júlia, minha filhota.-
Eu, que fiquei fascinado em ver a instantânea metamorfose de fêmea para mãe, sento ao lado das duas.
Logo Júlia estende-me a mão e diz, educadamente:
– Prazer, eu sou Júlia.-
Aperto a mão dela e, já que ainda estou sem ação, ela continua apresentado-se.
– Tenho sete anos, ano que vem vou começar o primário, porém já sei ler, escrever e toda a tabuada.-
– Menos…- diz Verônica, rindo e fazendo-lhe um carinho na ponta do nariz.
– Bem, para dizer a verdade, ainda tenho uma certa dificuldade com a tabuada do sete.-
Eu, que finalmente recobrei parte de meu sangue frio, consigo responder:
– E quem não tem dificuldade! A tabuada do sete não é para qualquer um.-
– Tá bom, Carlos, agora não precisa puxar o saco da Júlia. E você mocinha, está mais do que na hora de você dormir, que amanhã você tem escolinha.-
– Está bem mamãe, mas não quero ir dormir sozinha: você vem dormir comigo?-
– Vamos fazer assim: esta noite você dorme com a vovó. Está bem?-
– Está bem, mamãe.- responde Júlia.
– Mamãe, por favor, você poderia pegar as coisas da Júlia e leva-las para teu quarto e coloca-la para dormir? Eu queria conversar mais um pouco com o Carlos.-
– Sem problemas, filhota.-
Estendendo a mão para a neta, Maria diz:
– Menina, dá boa noite para todo mundo e vem comigo.-
Júlia beija a mãe, aperta-me a mão e segue a avó, que me diz:
– Boa noite, seu Carlos, agradeço de novo a carona e sua visita.-
Tão logo as duas entram no quarto, Verônica chega perto de mim e me tasca uma beijo na boca.
Ela abre ligeiramente a boca, sua língua entra prepotentemente dentro da minha boca, e começa a entrelaçar uma dança frenética com a minha língua.
Ao mesmo tempo ela pega minha mão esquerda e a põe sobre seu seio, por cima do top.
Nunca, na minha vida, senti uma maciez, como aquela que sinto agora.
Sinto a urgência de sentir sua pele.
Ela se dá conta disto e, sem desatar o beijo, levanta com um golpe o top e o soutien e põe de volta minha mão sobre seu seio, agora nu.
A textura de sua pele é coisa de outro mundo e a suave massagem que faz seu mamilo enrijecido na palma de minha mão é enlouquecedora.
De repente ela desata o beijo me olha fixo nos olhos e pergunta:
– Carlos, você é virgem?-
Devo ter ficado tão enrubescido pela pergunta, que me parece inútil tentar mentir:
– Sim.-
A risada que ela dá é franca, aberta e não tem nada de deboche.
– Não se preocupa, que a gente vai dar um jeito nisso rapidinho. Para tudo tem reparo nesta vida, a não ser para uma coisa.-
Me parece de ver, no semblante dela, uma súbita nota de tristeza, ao terminar esta frase.
Logo porém ela recobra seu sorriso, e complementa:
– Eu mesma fui virgem, muuuito tempo atrás.- e continua:
– Você deve estar se perguntando respeito o pai da Júlia. Casei grávida com o João, o pai dela, que eu tinha dezoito aninhos. Você me lembra o pouco o João. Ele era um mulherengo, e não tinha nada de virgem, porém você tem os mesmos cabelos brancos dele. Ele tinha trinta anos a mais do que eu. Sempre gostei de homem mais velhos do que eu.-
Sacudindo a cabeça em um gesto triste ela diz:
– Infelizmente ele teve um infarto quando Júlia tinha três aninhos.-
Ela levanta a mão esquerda mostrando-me as duas alianças no anular que eu, incrivelmente, ainda não tinha notado.
– Eu sou viúva!-
Ela se levanta estende-me a mão, e diz:
– Vem! Vamos fazer amor!-
Entramos no seu quarto onde, além de uma pequena cama de casal, tem a caminha da Júlia, neste momento vazia.
Delicadamente ela me despe, depois pede-me para deitar na cama:
– Deixa que eu faço tudo: você tem que preocupar-se somente em sentir prazer.-
Ela se despe e posso admirar seu corpo escultural.
Ela tem o púbis raspado e os lábios marrom escuro de sua boceta terminam com um clitóris avantajado.
Vendo que eu estou observando sua intimidade, ela me fala:
– Eu teria uma espessa mata de pentelhos encaracolados, da qual eu gosto muito. Infelizmente eu tenho que raspar por causa do tamanho de minha fantasia de passista.-
Ela sobe encima da cama, se ajoelha entre minhas pernas, pega delicadamente meu pau, que continua rijo, o enche de beijinhos, lambidas e esfrega-o na sua cara.
– Carlos, meu amor, teu pau é gostoso demais!-
Coloca o pau na boca e o chupa, com todo cuidado para não encostar os dentes, no enquanto eu agarro os lençois, gemendo pelo prazer.
A um certo ponto ela chega mais perto, colocando seu púbis na altura do meu.
Pega meu pau com a mão o alinha com sua boceta e, devagar, desce o quadril, emitindo um miado de prazer.
A sensação aveludada e úmida, do contato do meu pau com sua boceta, enchem de prazer meu cérebro e minhas mãos buscam seus seios para saturar de percepções meus sentidos.
Verônica para um instante, com meu pau firmemente enxertado em sua boceta, depois começa uma suave rotação e ondulação de suas ancas, acompanhada por gemidos de prazer.
De repente ela acrescenta movimentos para cima e para baixo, cada vez mais rápidos e seus gemidos crescem de tom.
Eu não agüento e gozo na sua boceta, ejetando tanto esperma como em nenhuma punheta que fiz na vida.
Ela segue alguns instantes a mais, até que paralisa seus movimentos, seu corpo treme e ela cai de um lado com os olhos fechados.
Logo em seguida ela me dá um beijo e, deitada ao meu lado, fica olhando-me sorrindo e fazendo um carinho no meu cabelo.
Este olhar tem algo de indescritível, como se sua alma estivesse olhando diretamente minha alma.
Ela me dá um beijo, enxuga-se a face molhada de suor e sorrindo-me diz:
– É gostoso fazer amor, não é?-
– É demais!- respondo.
– E o melhor é que se você fizer mil vezes, continua gostoso. Palavra de escoteiro!- me diz, fazendo o gesto com os dedos e soltando uma risada gostosa.
Depois, mais séria, ela continua:
– Vou te falar uma coisa: eu posso ter muitos defeitos, mas sou sincera. Nada disto que aconteceu esta noite foi por acaso. Eu me interessei por você desde que minha mãe me falou de ti. Ando observando você no barracão e escuto tudo que falam sobre ti.-
– Observando-me no barracão? Mas se eu te vi umas três o quatro vezes, no máximo, e sempre de longe.-
Verônica ri, com aquela sua risada cristalina e charmosa:
– É inútil! Vocês homens são cegos!- e segue:
– Em todo caso você está na minha cama, aqui e agora, porque eu quero que você seja o novo pai da Júlia. Você pode até achar ruim, mas eu luto com as armas que eu tenho, e você pode considerar-se um sortudo, porque vai ser difícil encontrar uma mulher sincera como eu, ou, modéstia a parte, mais gostosa do que eu.-
E, de novo sua risada cristalina, ressoa no quarto.
– E, agora que você se recuperou, quer comer minha bunda?-
Antes que eu possa replicar qualquer coisa, ela prossegue:
– Vou já antecipando: eu não gosto.
Não é que doa, é, digamos, uma sensação incomoda, que não me dá prazer, pelo menos não diretamente. Porém, para o meu homem eu não regulo nada, e quando quiser enrabar-me, vou ter o prazer de vibrar com teu prazer. Que o diga João, que Deus o tenha, que era simplesmente vidrado pelo meu rabo. E não somente ele, devo dizer.-
Sem esperar por minha resposta Verônica levanta-se, vai até o criado-mudo e pega um tubinho de lubrificante.
– Se tiver à disposição, melhor usar lubrificante, se bem que o João preferia um boquete bem babado e bastante cuspe.-
De novo sua risada sedutora acompanha suas palavras.
Ela lubrifica meu pau, já rijo pela perspectiva da sodomia, depois deita na beirada da cama, levantando as pernas.
– Eu prefiro assim, à frango assado, desta forma posso beijar meu homem, se você preferir em outra posição é só falar. Agora peço para você lubrificar meu cu. Pode enfiar três ou quatro dedos, sem medo der feliz!-
Faço o que ela me pede e devo dizer que é uma delícia enfiar os dedos naquele cu acolhedor.
Fazendo isto, fico com minha cara a escassos centímetros de sua boceta, não resisto e caio de boca naquele paraíso.
O sabor áspero surpreende-me.
Nunca antes experimentei nada de parecido.
A minha cabeça, entra em tilt, e minha boca não consegue separar-se deste pote de delícias.
Verônica começa a gemer, e suas mãos apertam minha cara contra sua virilha, direcionando minha boca especialmente sobre seu clitóris, no enquanto três dedos meus continuam firmemente enxertados em seu cu.
Quando chega no ponto certo, ela começa um movimento frenético de seu pélvis, que culmina com o seu corpo que estremece acompanhado por um gemido mais forte.
Verônica enxuga seu rosto molhado de suor, e diz:
– Nossa! Isto foi gostoso! Agora, porém, você tem um cu para comer, assim que tira teus dedos e põe teu pau. E, por favor, vem me beijar que eu quero saborear o prazer que derramei na tua boca.-
Começo então a sodomiza-la, enquanto ela me incita:
– Vem, meu garanhão, fode meu cu gostoso. Fode com força, que eu não sou de vidro e não quebro não.-
Não resisto muito e gozo, enchendo de porra seu intestino.
Quando nos recobramos, ela me acompanha no banheiro, onde me lava carinhosamente o pau.
Depois voltamos para o quarto onde fazemos um sessenta e nove e, de novo, fazemos o amor.
Ela me acompanha para a moto, que já é quase madrugada, e nos despedimos com um beijo apaixonado.

Epílogo – Carnaval 2019
A vantagem de ser um colaborador bem conceituado na Escola é de poder assistir o desfile de um lugar privilegiado.
No meu caso é o interior de um carro alegórico, na altura do solo, na parte anterior, ajudando a movimentação deste mastodonte.
Tenho uma fresta recortada no chassis do carro, na altura dos meus olhos, que me permite verificar a correta direção do carro e também admirar a evolução da passista que samba a poucos metros à minha frente: Verônica.
Tenho que usar toda minha concentração para não perder-me nos movimentos sinuosos de minha futura esposa.
Vamos nos casar em final de março, e ainda estamos tentando chegar em um acordo sobre onde passar a lua-de-mel.
O que está certo é que, no próximo fim de semana, Verônica e Júlia vão mudar para o meu apartamento, já que matriculamos a menina em uma escola próximo de lá.
Eu e Verônica fazemos amor todos os dias.
É que eu tenho recobrar o atraso dos meus primeiros sessenta e três anos de vida.
Mas eu vou chegar lá… ou morrer tentando.
Fim

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PéssimoRuimMédioBomExcelente
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2 Comentários

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Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • Responder Skype: ric.silva2014 ID:xlpkbk0k

    Muito bom e bem escrito… parabéns!!!

  • Responder ana ID:g3jjxsem4

    Q BACANA..ACHEI LINDO!!!!