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Toda espera tem seu fim: Parte 1

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Confesso que não estava muito animada naquele fim de ano. Mesmo com os feriados à vista, não tinha grandes planos de viajar ou organizar alguma festa em casa. Minha família decidira passar as festas no Rio de Janeiro, na casa de uma prima minha, mas eu sentia rugas surgirem na minha testa só de pensar no transtorno que seria me deslocar até o Rio em pleno fim de dezembro.
Acabei inventando uma desculpa qualquer para ficar em SP mesmo e, no fim das contas, decidi que passaria o fim de ano em casa com um bom vinho, alguns filmes, talvez um baseado e (claro) meus brinquedinhos. Seria bom aproveitar um tempo pra descansar depois da correria pela qual estava passando naqueles últimos meses.
Eu trabalho em um escritório de contabilidade e, embora o período mais atribulado seja a época de declaração de imposto de renda, o fim do ano sempre é um caos, pois nossos clientes precisam fazer balanços financeiros, levantamento e revisão de notas fiscais… enfim, um porre!
Eu estava acabada e uns dias em casa sem sequer olhar o celular ou falar com alguém eram mais do que merecidos.
Mas é claro que minhas amigas não iam me permitir essa tão sonhada paz!
Ana Clara, uma amiga minha de mais de dez anos logo me convidou para passar o Natal na casa de seus pais. No início pensei em recusar, mas a proposta era bem mais interessante do que simplesmente fazer a ceia com minha amiga e dois velhinhos: Ana sugeriu que a gente apenas passasse a virada para o dia 25, comesse alguma coisa e, de madrugada, fosse curtir a cidade.
Eu não tinha como recusar!
Então naquele fim de tarde do dia 24, tomei um banho bem longo, hidratei os cachos, passei óleos corporais, usei meu melhor perfume e me enfiei em um lindo vestido vinho que, embora não fosse super curto nem tivesse um decote enorme, valorizava bem meu corpo modesto. Calcei sandálias com um salto não muito alto, pintei as unhas com um tom vermelho não muito berrante e, como iria farrear depois da ceia, resolvi me depilar inteira. Também coloquei algumas camisinhas na bolsa, afinal: nunca se sabe quando a sorte vai cruzar nosso caminho!
Eu estava pronta! Estava linda, estava animada, estava feliz! Sentia que seria uma noite prazerosa.
Como pretendia beber, não peguei o carro até a casa da Ana: chamei um Uber (que me cobrou o olho da cara por uma corrida de menos de 20 minutos) e cheguei à casa dos pais de Ana Clara por volta das 21h. Era uma residência pequena, mas bem bonita e aconchegante. O pai da minha amiga me recebeu na porta com um abraço e logo foi me conduzindo para a sala onde a mãe de Ana assistia atentamente ao show do Roberto Carlos no sofá. Ana Clara ainda estava no banho, mas seus pais me disseram para ficar à vontade (inclusive para me servir de algo para comer na cozinha).
Como eu ainda não estava com fome, resolvi apenas pegar algo para beber. Pedi licença e me dirigi à cozinha.
Eu só queria descolar uma cerveja ou uma taça de espumante (quem sabe até um vinho), mas encontrei algo melhor.
Embora eu ainda não tivesse percebido nesse ponto, Papai Noel havia entregado meu presente mais cedo aquele ano.

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