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Descobertas – Começo

2483 palavras | 3 |4.41
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Quando comecei a descobrir que eu, o menino da família gostava de meninos…

Meu nome é Felipe, tenho 17 anos e tudo que irei contar aqui começou a acontecer há 5 anos atrás quando eu ainda era apenas um garoto de 12 anos. Para que entendam melhor preciso contar um pouco sobre mim bem antes da época desses acontecimentos. Essa é uma história real e não tem como resumir então vou dividir em umas três partes. Então vamos lá.
Moro em uma cidade pequena do interior do Rio Grande do Sul. Sou o caçula da família. Tenho mais duas irmãs mais velhas. No ano de 2009 meu pai veio a falecer devido a um acidente de trabalho. Aquilo arrasou a minha família, principalmente a mim que na época tinha os meus 5 anos de idade. Lembro da minha mãe e das minhas irmãs chorando muito quando receberam a notícia e eu sem entender nada, não sabia o que era morrer, nunca se quer tinha ido a um funeral. Algo que me marcou até hoje foi de olhar para o meu pai no caixão e na hora de fechá-lo eu começar a dizer para o meu pai levantar dali que a gente tinha que ir embora. Cara, aquilo arrasou comigo. Quando eu entendi que meu pai não ia mais voltar meu coração se despedaçou e aos 5 anos entrei em depressão. Minha mãe e irmãs passaram pelo período do luto e conseguiram seguir em frente, mas eu não, pra elas eu só estava triste, mas eu já pensava em morrer pra ver o meu pai de novo.
Minha mãe recebeu o dinheiro da indenização e recebia a pensão que meu pai deixou pra gente já que ele trabalhava de carteira assinada e com isso ela comprou uma casa, pois vivíamos de aluguel. A indenização deu pra comprar a casa, era pequena e simples, mas era nossa.
O tempo foi passando e agora chegamos em 2016 quando começam as minhas descobertas. Minha mãe percebia que eu não estava bem, mas como uma mulher simples que mal completou o ensino fundamental ela não sabia como lidar com isso, sem contar que ela trabalhava muito já que a pensão diminuíra pelo fato das minhas irmãs terem atingido a maioridade e com isso ela não conseguia me dar a atenção que eu precisava e sei que ela queria cuidar de mim. Ela decidiu de fato prestar mais atenção ao que eu passava quando ela me ouviu conversando com uma foto do meu pai dizendo que queria morrer pra ver ele de novo. Naquele dia minha mãe veio falar comigo ela só perguntou se eu ainda sentia falta do meu pai e eu só balancei a cabeça afirmando, ela disse que também sentia e que nunca mais conseguiu ficar com outro homem. Naquele momento ela me abraçou forte e não falou mais nada, estávamos apenas chorando. Minha irmã mais velha chega e vê a cena. Mais tarde minha mãe conta pra ela o que aconteceu e foi quando ela aconselhou a minha mãe a me levar num psicólogo, mas com o pouco dinheiro para nos sustentar era impossível. Minha irmã então fala sobre um projeto social que tinha na cidade que disponibilizava tratamento psicológico para pessoas que não tinham como arcar com os custo. No dia seguinte minha mãe foi até lá, ficou o dia todo pra tentar conseguir uma vaga pra mim e conseguiu, na segunda-feira seguinte seria a minha primeira consulta.
Passei o fim de semana um pouco ansioso com essa consulta, eu era um garoto tímido e ia ter que falar para uma estranha o que eu estava sentindo sem nem saber o que eu sentia. Na segunda-feira depois que chego da escola, minha irmã me diz pra almoçar rápido que tínhamos que ir. Esse projeto social era bem organizado, tinha aulas de artesanato em geral, música, informática e disponibilizavam uma psicóloga. Fiquei ali esperando vendo pessoas andando pra lá e pra cá, tinha crianças, adolescentes e adultos, não tinha idade para participar dos projetos. Eu ali sentado com minha irmã esperando minha vez, depois de uns 20 minutos a porta se abre e sai uma senhora já de idade e acompanhando-a uma mulher de uns 50 anos mais ou menos, bem vestida, falava com propriedade e pelo jaleco presumi que essa seria a tal psicóloga que iria me “ajudar”. Ela se despende da outra senhora pergunta se sou o Felipe e ao receber minha confirmação pede pra eu entrar na sala, quando estou entrando olho pra minha irmã e a chamo para entrar comigo, mas ela diz que iria esperar ali fora, mas pra eu ficar tranquilo. – Claro, ficar tranquilo em uma sala sozinho com uma médica. Cara, que saco – Entrei, me sentei na poltrona que ela me indicou e ali começamos a conversar. Eu falava pouco, só o que ela me perguntava, depois de alguns minutos ela foi me explicando o que eu tinha e toda aquela conversa de psicólogo, mas quando falei que queria morrer pra ver o meu pai ela focou ainda mais em mim e nesse sentimento. Depois de mais ou menos uma hora ela diz que teria que encerrar por ali, mas que queria continuar conversando comigo outro dia e marcou minha próxima consulta para a quinta-feira da mesma semana. Saí de lá me sentindo o mesmo, sem nada mudar. Pensei comigo mesmo – “que merda de psicóloga” –
Nada tinha mudado dentro de mim, mas na quinta-feira depois da escola lá vou eu de novo, nesse dia fui sozinho, já sabia onde ficava e minha mãe disse pra eu ir porque minha irmã tinha uma entrevista de emprego e minha irmã do meio já não morava mais com a gente, morava com o namorado dela. Cheguei para a consulta no horário marcado, me sento no mesmo lugar até chegar minha vez foi quando chegou um garoto mais ou menos da mesma idade que eu e senta ao meu lado. Aqui cabe a nossa descrição física. Eu bem branquinho, cabelos castanhos claros estilo tigelinha, olhos azuis típico do Rio Grande do Sul, não tinha nem um metro e meio de altura, tinha um corpo “normal” nem magro e nem gordo. Aquele garoto que eu ainda não sabia o nome também era bem branquinho, cabelos e olhos pretos, quase da mesma altura que eu e com o mesmo porte físico, nem magro e nem gordo.
Ele sentou ao meu lado, passamos uns dez minutos sem trocar uma palavra um com o outro quando a porta do consultório abre e uma paciente sai de lá e dona Vera a psicóloga me manda entrar e o garoto entra junto e diz:
– Mãe, cadê meu chinelo? Esse tênis tá apertado.
Descobri ali que ele era filho daquela mulher que se dizia psicóloga (falo dessa forma porque naquele momento eu não sabia que o tratamento da depressão é algo que leva tempo, por isso eu achava que ela não era boa no que fazia). Ela pega a mochila dele e pede pra ele sair que ela estava ocupada, mas não falou em tom ríspido, pelo contrário, foi muito carinhosa dando um beijo no topo da cabeça dele. Assim que ele saiu iniciou mais uma sessão do meu tratamento. Uma hora depois e lá estava eu saindo do consultório sem sentir nada mudar. Quando estou saindo quase chegando ao portão aquele garoto me chama para irmos comer porque eles estavam servindo o lanche. Eu estava com fome, tinha almoçado pouco pra não perder o horário, mas pela timidez eu não queria ir. O garoto talvez percebendo minha duvida vem até mim, pega minha mão e começa a me puxar até onde estavam servindo. Pegamos um pedaço de bolo, um pão com queijo e goiabada e um copo de suco, ele me chamou pra sentar em um banco ali perto e eu o acompanhei.
ELE: – Qual seu nome?
EU: – Felipe. E o seu?
ELE: – Victor. Por que você consulta com a minha mãe?
— SILÊNCIO –
ELE: – Aqui tem uma mesa de ping pong, vamos brincar depois?
EU: – Não posso, tenho que ir pra casa
ELE: – Droga!
Acabamos de comer em silêncio, me levantei pra ir embora e só disse tchau, que ele respondeu dando um sorrisinho fofo. – Espera que droga de sorriso fofo, ele só se despediu, nada de mais – Sim, naquele momento uma confusão (mais uma) começou dentro de mim. -Por que eu achei o sorriso dele fofo, eu sou homem! –
Eu só tinha consulta na segunda, mas algo estava diferente dentro de mim. Eu estava impaciente, ansioso (mais que o “normal”). Meu fim de semana se arrastou pra acabar e na segunda almocei rápido e fui para a consulta, chegando lá vejo Victor brincando com uns outros garotos, ao me ver ele largou a raquete de ping pong e veio falar comigo. Quando ele chega perto de mim toda aquela impaciência e ansiedade desaparecem, era como se eu precisasse estar perto dele. Ele me chama pra jogar até a hora da consulta, mas não deu nem tempo de responder e a porta se abre saindo a mesma senhora da semana passada e então era minha vez. Durante a consulta a doutora Vera percebeu algo diferente, mas eu não queria falar que só estava ansioso para ver o filho dela, mas percebi que o que ela falava começava a fazer sentido na minha cabeça e ali surgiu a esperança de ter uma vida melhor.
Depois da consulta ele me esperava para irmos lanchar juntos de novo e logo fui, pegamos o que serviam e nos sentamos. O copo de suco estava gelado e ele diz:
Victor: – Nossa, tá muito gelado. Olha aqui!
– Nesse momento ele coloca a sua mão em cima da minha para mostrar a temperatura, mas eu senti com um choque elétrico percorrendo meu corpo, senti a minha pele ficando arrepiada, um frio começava na minha nuca e descia pela minha espinha. O que era aquilo? Por que eu senti tudo isso com o toque dele na minha mão? O que estava acontecendo comigo? Ah cara, que saco –
Eu olho pra ele sem conseguir dizer nada depois de tantas sensações diferentes ao mesmo tempo e ele sorri. Aquele sorriso fofo. Droga, de novo aquele sorriso.
Terminamos de comer e digo que vou embora, ele começa a me acompanhar e passamos pela sua mãe que diz que me espera na quinta para a próxima consulta, ele pergunta se pode me acompanhar até o portão e ela diz que sim.
VICTOR: – Cara, por que você consulta com a minha mãe?
EU: – Ela não te falou?
VICTOR: – Não, ela não pode, disse que é coisa de sigilo médico, coisa de ética, esses negócios.
EU: – Ah..
VICTOR: – Minha mãe cuida de pessoas que estão tristes, se você consulta com ela é porque está triste com alguma coisa.
Nada digo, apenas olho pra baixo na frente do portão olhando os tênis da Nike que ele vestia e olhando para o meu pé vejo um par de chinelos já bem usados. Vejo seus pés dando um passo pra frente e prontamente miro meu olhar em seu rosto e sem mais nem menos um abraço. – O que esse guri tá fazendo, por que tá me abraçando, qual o problema dele? – Esses pensamentos invadiram minha cabeça juntamente com uma nova onda das sensações que tive minutos antes quando sua mão encostou na minha. Esse abraço durou uns três segundos, mas pra mim parecia uma eternidade, quando olho pra ele vejo aquele sorriso e ele se despedindo e se afastando. Saio pelo portão, começo a andar em direção a minha casa, olho pra baixo e, espera, meu pinto tá duro? Por que ficou assim do nada? Escondia o máximo que podia a minha ereção, imagina se alguém me vê assim.
Chego em casa com a cabeça muito cheia, pela primeira vez consigo me desligar e adormecer. Acordo com a minha mãe me chamando. Olho ainda sonolento pra ela que me pergunta:
MÃE: – A doutora Vera tá no telefone e tá perguntando se você quer ir lá amanhã depois da aula, o Victor tá te chamando pra jogar vídeo game com ele.
– Que, quem é Victor, que vídeo game? Ahhhh o Victor –
EU: – Ah, não sei, pode ser, mas como vou lá, não sei onde ele mora
MÃE: – Amanhã você espera no portão da escola e eu passo lá e te levo.
EU: – Tá bom.
Minha mãe termina de falar com a doutora, percebi ela falando algo sobre mim, perguntando como estava indo o tratamento, mas só fui em direção ao banheiro. Me despi pra tomar banho, embaixo do chuveiro com a água caindo sobre a minha cabeça eu penso – Que vídeo game será que o Victor tem? Eu disse Victor? Olho pra baixo e o pinto duro de novo. Ah, cara! –
Eu pouco sabia sobre masturbação, lembro de ter ouvido algo na escola, mas nem prestei atenção. Lembro que tinha a ver com tocar no meu pinto. Comecei a tocá-lo e sentia algo diferente, uma sensação boa, estava uma delícia. Fecho os olhos e vejo o Victor na minha mente. O que, o Victor de novo!?
O rosto de Victor não sai da minha cabeça. A sua mão quando encostou na minha, o seu abraço. Todos esses pensamentos invadiram minha cabeça, fui ao limite do meu corpo e então três jatos de um líquido ralinho saem pra fora do meu pinto, minhas pernas ficam moles, meu corpo com espasmos involuntários. Será que era aquilo que era gozar?
– Espera, que merda eu fiz, eu bati a minha primeira punheta pensando no Victor? Ah, cara. Que saco! –

Pessoal, me desculpa, preciso parar por aqui, depois continuo contando minha história. Sei que pode não agradar a todos, mas estou contando como forma de terapia e quero contar todos os fatos corretamente como foram acontecendo. É como fui me descobrindo. Até o próximo!

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3 Comentários

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  • Responder M ID:w735kuhl

    Parabéns continua

  • Responder Garoto Diego ID:on90yws8ra

    Incrível, Felipe! Sua escrita é linda. Estou curioso pelo próximo capítulo… não pare, eu lhe peço!

  • Responder Marcel ID:8d5f152fi9

    Perfeito… esperando a continuação!