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Lembranças…

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É interessante como a ordem dos acontecimentos se altera na vida. Quando crianças queríamos crescer e quando adultos só queremos aquele ralado no joelho mais uma vez, e as “brincadeiras” no quarto.

Eu já não era tão pequeno (14 anos) mas mesmo assim isso faz um bom tempo. Em 2010 meus três primos vieram passar um mês em casa. Alícia, 20 anos, Lorena, 19, e Carlos, 17. Eles eram diferentes mas quando juntos se completavam. Minha mãe decidiu que era muito cedo pra me contar a verdade e uma semana depois ela me chamou pra uma reunião de família. Em um tom sério ela papocou tudo:
– Lucindo, lembra quando eu disse que era só um mês que eles iam passar aqui?
– sim!
– então! Lá em Altamira eles tavam passando por uma situação bem difícil. O pai deles tentou matar a mãe deles.
– nossa! – exclamo assombrado.

Nesse momento uma lágrima cai do rosto de Lorena e Carlos toca o ombro dela consolando-a.
– Lucindo, o teu tio tentou matar a mãe deles – revela com a voz antecedendo o choro – por um milagre ela não morreu. Ela me pediu pra que os três viessem pra cá porque ela não queria que ele, que tá foragido, se aproximasse deles. E ela também não tava com coragem pra assumir a violência que ela sofreu. Ela prometeu mandar dinheiro todo mês pra me ajudar.

Fiquei horrorizado e percebi o abatimento em seus rostos. Pra mim era uma simples visita mas a realidade me abateu também. Eu sentia que uma tarefa estava vindo para as minhas mãos.
– eu sei que tu nunca teve irmãos e tu não tá acostumado. E de muitas formas pode ser difícil se acostumar. Mas eu peço que tu tente e que tu seja compreensivo porque a situação deles é pior do que a nossa no ano passado.

Nunca imaginei que outros familiares estavam passando por isso em outro lugar. O clima ficou pesado naquela tarde mas eu estava decidido a ajudar, embora eu não tenha dito uma frase mais longa que:
– entendi mãe.

Eles souberam sacudir a poeira e no começo da noite estávamos comendo pizza depois de jogar no PS2. Tão divertidos eles eram que era impossível adivinhar que no passado um filme de terror daqueles tinha acontecido. Para entrar de vez na parte quente da história acho válido contar um pouco sobre a aparência dos “pimpolhos”:
Alícia: uma nega 40% escura, meio magra mas não esbelta, peitos médios;
Lorena: um pouco mais magra que a irmã, seios não muito diferentes, sem dúvida com a bunda acentuada;
Carlos: um pouco mais claro que suas duas irmãs, corpo malhado sem exageros, mais alto que eu.

Já havia se passado um mês desde a chegada deles e já estávamos bem familiarizados. As duas usavam roupas bem curtas em dia de domingo, feriados e datas assim, algumas vezes mostrando a calcinha (algo que eu acredito não ser intencional). Eu tinha fantasias com elas e raramente batia punheta pensando em outras mulheres. Eu sentia vontade de vê-las nuas mas não sabia como satisfazer esse desejo. Até uma terça-feira no fim da tarde. Alícia chega em casa e vai tomar banho e deixa a porta do quarto aberta o tempo inteiro. Eu passo três vezes na frente. As duas primeiras são pra pegar algo no meu quarto e a terceira vez eu confesso que era por um pouco de tesão. Na quarta vez tive sorte e azar. Sorte porque ela saiu do banheiro e se trocou de costas com a porta um pouco aberta. Azar porque a Lorena me toca e me olha de uma forma ameaçadora. Ela me puxa violentamente pelo braço até a sala e me olha por alguns segundos como se eu tivesse estuprado a Alícia ao invés de apenas olhar pela porta. Me sinto culpado e meu sentimento piora quando ela senta no sofá e começa a chorar silenciosamente. Fico assustado e tento me desculpar:
– eu sei que eu não devia ter feito isso, foi um descontrole.

Ela começa a gemer como se aquilo fosse bem mais do que era. Eu achava que era um exagero mas não tinha coragem de falar isso e como uma última tentativa de parar o desespero dela fiz uma proposta:
– se isso foi muito ruim pra tu eu posso pedir desculpa pra ela pessoalmente.

Com as mãos por baixo do cabelo ela sai da sala emitindo um rugido. Eu estava mais preocupado com a maneira como ela ficou do que com o que aconteceria comigo, mas mesmo assim eu não conseguia imaginar o motivo daquela reação. E continua…

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