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Os Filhos do Demônio

5053 palavras | 4 |4.59
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Um conto erótico de suspense e terror…

Minha família era feliz até a morte repentina do meu pai num acidente de carro quando eu era uma garota de doze anos, exatamente no dia da sua festa de aniversário surpresa. Mergulhada em dívidas, em breve minha mãe seria despejada junto comigo, meu irmão de quatorze anos e os gêmeos de cinco, um menino e uma menina. Ela decidiu, então, pedir ajuda aos meus avós milionários dos quais eu nunca havia conhecido. Após várias cartas sem respostas, minha avó finalmente cedeu e fomos morar numa mansão com inúmeros quartos que mais parecia um hotel de luxo de tão grande que era.

Deslumbrados com a promessa de riqueza, pegamos um avião, um táxi, e paramos numa estrada deserta no meio do nada numa noite escura. Fizemos uma longa travessia por um bosque sombrio, ouvindo um sinistro e melodioso chirriar de coruja, para nos deparamos com uma realidade muito diferente quando fomos informados que deveríamos permanecer trancados num quarto sem que ninguém nunca soubesse da nossa existência. Minha vó disse que éramos filhos do demônio, frutos de um relacionamento pecaminoso da minha mãe com o seu primo. Nós não sabíamos desse segredo obscuro, mas mamãe nos convenceu a ficar, explicando que bastaria reconquistar a confiança do nosso avô moribundo, que havia deserdado ela, para que vivéssemos uma vida de luxo. Como a amávamos muito, acreditamos e aceitamos fazer esse sacrifício.

Era um quarto pequeno, mas com uma escada para um amplo sótão com vários baús e armários empoeirados com teias de aranha e uma janela grande que era a nossa única fonte de luz solar. Arrumamos e decoramos o espaço à nossa maneira assim que chegamos para que os gêmeos pudessem brincar e correr livremente. Mas daquele dia em diante, passaríamos longos anos isolados do mundo exterior submetidos à tirania da minha avó. Conquistar a confiança do avô não era mais suficiente, deveríamos esperar que ele morresse para herdar sua fortuna. Nosso espaço só tinha duas camas e era proibido dormir junto com o sexo oposto, pois não deveríamos ter o mesmo destino incestuoso dos nossos pais. Também éramos obrigados a decorar passagens da bíblia e recitá-las toda vez que a avó chegava antes do sol nascer trazendo a comida do dia, além de forçados a sempre ficar em posição de sentido na sua presença e proibidos de falar com ela sem que nos dirigisse a palavra. Mas a mamãe nos visitava sempre, nos abraçava, nos beijava e dizia que nos amava. Trazia presentes, livros e brinquedos para passarmos o tempo, embora suas visitas ficassem cada vez menos frequentes, especialmente após ela arrumar um novo marido.

Três anos se passaram sem receber diretamente a luz do sol, tive a minha primeira menstruação e passei a notar mudanças no meu corpo. Meus seios se desenvolveram, as curvas dos quadris se acentuaram e a cintura afinava, mas o atributo que eu mais admirava era os meus longos cabelos loiros esvoaçantes. Também notava o quanto o corpo do meu irmão havia mudado. Ele sempre fora meio magrinho, mas tinha se tornado mais musculoso, com uma leve curva nos bíceps, o peito largo e liso e sem pelos, a barriga não exatamente um tanquinho, mas já esboçando um projeto de definição. Enquanto eu sangrava, ele também deixava manchas estranhas na sua cama que não eram de urina como as dos gêmeos, mas poluçôes noturnas segundo suas próprias palavras. Entretanto, não era o seu corpo que mais me chamava atenção, e sim a sua forma de me olhar, era cheio de tesão e malícia, mas sempre com um fundo de ternura.

Nos tornamos descuidados com o tempo. Nem sempre éramos recatados no banheiro, como nem sempre estávamos totalmente vestidos. Era difícil viver em confinamento e ocultar do sexo oposto as partes íntimas. E, para ser sincera, nenhum de nós se importava muito com isso. Eu andava sempre sem sutiã, embora realmente precisasse de um. Num certo dia, quando todos os meus irmãos estavam no sótão, após sair do meu banho, aproveitei a oportunidade para me olhar pelada no espelho do quarto, uma vez que o do banheiro era muito pequeno. Fiquei observando meus pelinhos louros ralinhos, conhecendo de perto a anatomia da minha vulva e admirando meu corpo fazendo poses indecentes, quando tive uma sensação de arrepio me prevenindo de que havia alguém me observando. Avistei meu irmão oculto nas profundezas da escada do sótão e percebi uma sombra de excitação tomando conta do seu rosto. Ele estava petrificado, com uma expressão estranha nos seus olhos azuis, como se nunca tivesse me visto assim antes, embora tivesse visto inúmeras vezes quando pequeno. Seus olhos passaram do meu rosto corado para os seios e, cada vez mais para baixo, até chegar aos pés e voltar a subir lentamente, além de atravessar o reflexo da minha bunda no espelho. Ele parecia um estranho que eu nunca tinha conhecido antes, mas por um momento, apesar de acanhada, não queria impedí-lo de ver algo que ele tanto ansiava para ver.

– Vá embora, por favor. – Disse sentindo o suor nas axilas, meu ventre contrair e uma pulsação esquisita. Corada da cabeça aos pés, ele não deu sinal de escutar e limitou-se a me olhar sem parar. Naquele momento, eu despertei para a vida.

– Não – disse ele, quando eu peguei o vestido.

– Para… você não deveria… – gaguejei, tremendo ainda mais.

– Sei que não deveria, mas você é tão linda. É como se eu nunca a tivesse visto antes. Como se tornou tão bela, enquanto estive aqui esse tempo todo?

Como negar um pedido desse? Estava disposta a deixar, mas naquele momento a chave girou na fechadura. Embora não a visse, pude sentir a sua presença enquanto meu vestido descia até metade do meu corpo, era a minha avó!

– Pecadores! Sabia que pegaria vocês mais cedo ou mais tarde!

Ela deu um sorriso aterrador do alto dos seus um metro e oitenta. Ela era grande e imponente como uma árvore. Saiu do quarto por um instante e meu irmão mandou eu me esconder no banheiro, pegando a cadeira para se defender. Pensamos que ela voltaria com a mesma chibata que açoitara nossa mãe, sem que testemunhássemos, como penitência dos seus pecados no dia da nossa chegada, mas ao invés disso, ela trouxe uma tesoura e deixou em cima da mesa, mandando ele próprio cortar o meu cabelo. Caso contrário, se eu não tivesse dado adeus às minhas madeixas até a próxima vez que ela nos encontrasse, ficaríamos sem comida até ele fazê-lo. Após muita relutância, pensando na saúde dos gêmeos, e por minha própria decisão, cortamos e ele disse que eu tinha ficado ainda mais linda. Mas mesmo assim, ela nos deixou uma semana passando fome. Tivemos que sobreviver comendo os ratos do sótão. Já tinha mais de um mês que a minha mãe não aparecia.

***

Finalmente nossa mãe apareceu após algumas semanas, chorando e pedindo perdão, mas era como se não a conhecêssemos mais. Disse que estava viajando em lua-de-mel, que meu avô já estava na UTI e que nosso sofrimento terminaria em breve. Mas por alguma razão, não acreditávamos mais nela. Após ela sair, meu irmão ficou olhando pela janela do quarto com um olhar vazio e desesperançoso. Pedi pra ele sair dali, pois não nos era permitido abrir as cortinas, mas me sensibilizei com a nossa angústia compartilhada e o abracei, o enchi de beijos pelo seu rosto e por toda a sua cabeça, apertei sua cara no meu busto assim como mamãe fazia. Mas novamente a porta se abriu.

– Menino – bradou ela – Saia da janela imediatamente!

– Meu nome não é menino. Me chame pelo meu nome ou não fale mais comigo, mas nunca me chame de “menino”! Não somos culpados pelo que nossos pais fizeram!

– São culpados do que você e a sua irmã fizeram!

– O que fizemos de tão errado? Acha que podemos viver no mesmo quarto, ano após ano, e não nos vermos sem roupas? Você nos trancou aqui e deseja nos pegar fazendo algo que considera errado pra provar que sua opinião a respeito do casamento da nossa mãe esteja certa!

– Pare! – Eu exclamei, aterrorizada pela expressão no rosto da avó. – Não diga mais nada, mano!

Mas ele já dissera demais. A velha saiu batendo a porta e meu coração veio parar na garganta. Rapidamente ela entrou de novo, avançando com a vara de madeira na mão e um sinistro brilho de determinação nos olhos cinzentos. Devia manter a vara escondida ali perto, para poder apanhá-la tão depressa.

– Tire sua roupa e se debruce sobre a banheira. Se resistir, açoitarei sua irmã e os gêmeos.

Ele ainda era um menino em comparação ao enorme tamanho da velha. Pensou em resistir, mas olhou para mim e para os gêmeos que choravam, abraçados, e permitiu que a bruxa velha o arrastasse para o banheiro. Ela fechou a porta e ele não emitiu um som enquanto era castigado, mas eu senti a dor em cada um dos golpes na minha própria pele. Ele sentia as chibatadas e eu emitia os gritos. Naquele último ano, nós dois nos tornáramos uma só pessoa, era como se fôssemos os pais dos gêmeos. Ele era como o outro lado da minha face: forte e decidido, capaz de suportar os açoites sem um gemido. Odiei a velha, esperando que Deus escutasse o nosso sofrimento. Ela saiu do banheiro e atrás dela, meu irmão com uma toalha amarrada na cintura, pálido como a morte. Não consegui parar de gritar.

– Cale-se! – ordenou ela, brandindo a vara diante de meus olhos. – Faça silêncio, imediatamente, se não quiser apanhar também!

Não pude parar de gritar, nem mesmo quando ela me puxou da cama e jogou os gêmeos para o lado com um safanão quando tentaram me proteger. Fui para o banheiro, onde também recebi ordens para tirar a roupa enquanto seu rosto assumia uma expressão debochada de satisfação. Percebi que ela olhava para os seios e a minha barriga chapada.

– Algum dia você vai pagar, velha. Chegará o dia em que a indefesa será você e eu terei a vara nas mãos. E na cozinha haverá comida que você nunca irá provar, pois, como você mesmo diz, Deus vê tudo e tem seu método de fazer justiça: olho por olho, dente por dente, avó!

– Nunca mais fale comigo! – bradou ela.

Então, ela sorriu confiante e me bateu. Como uma tola, eu escolhi o pior momento possível para falar e ela não hesitou. Enquanto a vara me feria a carne, os gêmeos gritavam do quarto sem parar. Caí de joelhos perto da banheira, tentando proteger o rosto e o seio, mas a dor me queimava como fogo. Por mais que eu tentasse não gritar e imitar o corajoso silêncio do meu irmão, tive que ceder. Chamei ela de monstro e minha recompensa por isso foi uma terrível pancada na parte lateral da cabeça. Tudo escureceu.

Voltei lentamente à realidade com o corpo inteiro doendo e a cabeça prestes a estourar no sótão. Abri os olhos e vi meu irmão debruçado sobre mim, aplicando antisséptico e pedaços de esparadrapo, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e pingando no meu corpo. Estávamos pelados, pois as roupas se colariam às feridas que purgavam. Quando acabamos os curativos, deitamos de lado, um de frente para o outro. Nossos olhares se cruzaram e se mesclaram num só. Ele tocou meu rosto na mais suave e amorosa carícia. Nos abraçamos com cuidado e nossos corpos pelados se estrelaçaram, meus seios se apertaram contra o peito dele. Então, ele murmurou meu nome e tomou minha cabeça entre as mãos, me puxando carinhosamente para perto de seus lábios. Não achei estranho, seu beijo era doce, carinhoso e molhado, com um jeito gostoso, um aroma delicioso, inebriado em seus lábios encantados, mas era um beijo daqueles que prenuncia problemas, e isso não me parecia nada correto.

– Para… – sussurrei temerosa, sentindo o seu pau duro se esfregando em mim – Isto é exatamente o que ela pensa que fazemos.

Ele soltou um riso amargo antes de se afastar, dizendo que eu não sabia de nada. Fazer sexo era algo mais que beijar e não tínhamos feito mais do que isso. Nunca.

– E nunca faremos – disse eu, mas com a voz fraca.

Naquela noite, adormeci pensando no seu beijo, sem me lembrar das varadas. Dentro de nós dois crescia um turbilhão de emoções confusas. Algo que estava adormecido bem no fundo de mim e que despertava e se acelerava. Porém, eu ainda imaginava que em algum lugar haveria outro príncipe para me proporcionar um final feliz.

***

Passamos a confabular a nossa fuga nos dias seguintes. Era evidente que o nosso padrasto não sabia da nossa existência e muito menos iria assumir repentinamente quatro crianças, bem como não existia garantia nenhuma de que nosso avô estava prestes a morrer, ele podia muito bem ter ido há muito tempo sem que nós nunca soubéssemos. Encontramos longas e espessas cordas nos baús do sótão e fizemos nós para apoiar os pés. Decidimos testá-las e treinar a descida para ver se eram seguras antes de sairmos, até porque também precisávamos de tempo para estocar um pouco de comida para a fuga. Aproveitamos uma oportunidade de madrugada para chegar ao solo e tive a ideia de ir com ele até um lago que havia ali próximo, segundo os relatos da minha mãe.

Chegamos lá correndo de mãos dadas e ele sugeriu que nadássemos pelados. Passei a gostar da ideia de testar a minha feminilidade com ele. Fui de mansinho, entrando na água aos poucos para me acostumar com a temperatura gelada, mas ele me empurrou de uma só vez e mergulhou de ponta do alto de uma pedra. Ficou submerso por alguns instantes e comecei a ficar preocupada gritando seu nome em meio àquela escuridão do luar sob o céu claro e estrelado. De repente, ele puxou meu pé me fazendo tomar um belo susto e ficou rindo. Ficamos brincando, jogando água um no outro e aproveitando aquele momento mágico e único de descontração, era como sentir o sabor do paraíso e da liberdade, parecia que o mundo inteiro tinha sido reduzido a nós dois.

Então, ele me abraçou por trás, beijando minha nuca com os lábios gelados. Senti um arrepio cortando a espinha e depois lutamos, rindo como crianças. Quando percebi, como se tivesse sido a reação de um ímã, minhas duas pernas se entrelaçaram em torno do seu quadril e minhas mãos grudaram no seu torso. Mordi o lábio inferior dele com força para fazê-lo gemer e invadi a sua boca como uma onda, me sentindo sendo sugada por um redemoinho. As mãos dele desceram para a minha bunda e, agora que a gente tinha finalmente começado, sabia que não ia dar pra parar. Seu toque subiu pelas minhas costas, nuca, segurando a parte de baixo do meu cabelo, me puxando com força, e quando ele tomou meu mamilo na boca, eu quase gritei, puxando os cabelos dele. Ele riu de leve.

– A água te deixa maluca, né?

Eu resmunguei. Podia sentir a sua ereção resvalando em mim e fui ficando cada vez mais zonza, vendo estrelinhas. Investia meu corpo contra o dele sem muita coordenação, propagando as ondas da nossa excitação por todo o lago, passando as unhas pelo seu couro cabeludo e puxando seus cabelos curtos, ele gemia baixinho toda vez. Estava tão excitada que lamber a pele molhada dele só me deixava com mais tesão, querendo registrar cada detalhe daquele momento mágico nas minhas memórias.

Saímos do lago e deitamos na relva, lutamos, rolamos e fiquei em cima dele. Ele me beijava devagar, insistente, como se quisesse me engolir, de maneira tão intensa que era quase opressiva. Pressionou meu corpo contra o dele, me envolvendo como um polvo, alisando a mão na minha boceta e eu gemi alto. Quando subiu a mão de volta no meu seio apertando com força, eu já estava completamente encharcada, sentindo a rola dura dele raspando na minha entrada e a visão escurecer de tão excitada. Mas ele tentou forçar a penetração e, quando senti o meu cabacinho pulsar na cabeça do seu pau, me afastei imediatamente deitando ao seu lado. Ele continuou naquela mistura de mãos e dedos e línguas que a gente não sabia onde um começava e o outro terminava, e disse com uma fome no olhar que seria capaz de fazer qualquer uma se sentir sem ar:

– Você não tem noção do quanto você é gostosa pra caralho. Deixa eu comer essa boceta, por favor, só um pouco. Eu te amo tanto, você não tem ideia.

– Para… eu sei que vocé tem essas necessidades masculinas, mas isso já é demais. Eu quero me guardar para um homem que não seja meu parente consanguíneo.

Até hoje não sei bem quais eram os meus sentimentos naquele momento, mas na minha cabeça, o incesto se consumaria apenas com a penetração, e esse era o nosso limite, tudo o mais era permitido. Então, ele continuou me tocando, passou o indicador por toda a extensão da minha fenda, recomeçando o processo e me penetrando de levinho, até que o beijei com força e gemi alto em sua boca. Em um minuto, já estava pregada na grama e completamente desmontada. Ele observava as reações no meu rosto enquanto me tocava, franzindo o cenho e mordendo os lábios como se quisesse memorizar como me fazer gemer mais alto ainda. Não demorou e eu estava tremendo, praticamente rebolando contra a mão dele, e quando ele sussurrou que queria me ver gozar, eu obedeci na hora como se fosse uma reação espontânea do meu corpo sobre o qual minha mente não tinha nenhum poder. Me contraindo e pulsando ao redor do seu dedo, minha mão encontrava o seu pau, apertando numa punheta bem rápida e desajeitada, até que também senti o seu sêmem quente escorrendo na minha mão. Nos beijamos e me aninhei no seu ombro. Suspirei olhando para as estrelas e depois voltamos para a mansão mal-assombrada.

***

Passamos o dia seguinte ensinando os gêmeos a ler e escrever e brincando com eles. À noite, botamos eles pra dormir contando histórias de ninar, tomei um banho, lavei o cabelo e vesti um baby doll transparente. Fui ao sótão para escancarar uma janela, na esperança de pegar uma brisa que refrescasse o ambiente e me desse vontade de dançar, em vez de chorar. De repente, ouvi um rangido atrás de mim, um passo macio na madeira apodrecida. Tomei um susto, amedrontada, e me virei esperando me deparar com… só Deus sabe o quê! Então, suspirei aliviada, pois era meu irmão quem estava parado no escuro, olhando silenciosamente para mim. Todas as dúvidas se dissiparam quando ele disse com uma voz áspera e baixa:

– Você está linda assim. – Pigarreou para se livrar de alguma coisa estranha que parecia estar entalada em sua garganta. – O luar desenha a sua silhueta em azul-prateado e posso ver o seu corpo todo por debaixo das roupas.

Então, assustadoramente, ele me agarrou pela cintura, me tirando de perto da janela num só arranco e me tomou em seus braços. Doeu um pouco. Ele agia de modo estranho e eu senti um medo inexplicável, parecia que seus olhos faiscavam em fúria como se quisesse me machucar. E nunca antes, em toda a vida, ele me encostara a mão, embora eu tivesse dado motivos mais que suficientes para isso quando pequena. Entretanto, desceu o olhar furioso para a minha boca e, num rosnado, tentou lentamente me roubar um beijo, e quase conseguiu, quase… Fiquei tonta, me virei para ir embora, mas ele me prendeu novamente na janela. Fiquei paralisada. Os segundos se arrastaram. Me encarava com tanto intento que parecia que estava me queimando com o olhar, e eu não sabia o que fazer. Dava pra afiar uma faca em toda aquela tensão.

– Para… – resmunguei, naquela voz que ele passou a entender como charminho.

Aquele não era meu irmão, era alguém que eu nunca vira antes, um selvagem, primitivo. Eu não compreendia bem o que ele tinha em mente nem creio que ele soubesse realmente o que fazia, mas a paixão assumiu o controle. Tentei me soltar, mas caímos ambos no chão. Tentei afastá-lo e sair correndo, mas ele me puxou pelo pé. Lutamos, rolando pelo assoalho, nos contorcendo em silêncio, num combate frenético da força dele contra a minha, mas não foi uma batalha demorada. Eu tinha as pernas fortes, ele possuía os bíceps, o maior peso e altura e… estava multo mais decidido do que eu a utilizar algo quente, inchado e grande, a tal ponto que perdeu todo o raciocínio e a sanidade. E eu o amava. Queria o que ele queria, certo ou errado, já que ele desejava tanto.

Não sei como, terminamos sobre um velho colchão sujo, fedorento e manchado, que certamente conhecera outros amantes antes daquela noite.

E ele segurou os meus braços sobre o colchão, investindo o corpo contra o meu, passando a língua pelo meu pescoço, mordendo, até chegar no meu ouvido e dizer as seguintes palavras:

– Você é minha e de mais ninguém, entendeu? Eu vou te comer agora e você vai dar pra mim sempre que eu quiser.

Minha resposta se perdeu na garganta porque eu estava ocupada demais sentindo a onda de excitação que desceu do baixo ventre até o clitóris, então, apenas assenti com a cabeça em sinal de submissão. E foi ali onde ele me possuiu, arrancando minha calcinha num gesto impaciente, forçando para dentro de mim aquele seu membro masculino rígido e inchado, que necessitava de satisfação. Ele me invadiu de uma só vez com força, sem cerimônia e sem enrolação, fazendo com que eu arqueasse a espinha, cravando minhas unhas nas costas dele. Penetrou-me na carne contraída e relutante, que foi rasgada e sangrou.

De dentro das minhas entranhas saiu um grito esgarçado que ele tapou com a mão. Eu chorei, doeu pra caralho, pedi pra ele parar, pedi pra ele ir com mais calma, mas ele não deu trégua e continuou metendo, fodendo, comendo sem dó. Porém, quando constatou o sangue e o choro, se assustou um pouco e começou a ser mais carinhoso. Limpou minhas lágrimas, tirou o pau de dentro de mim e limpou ele a minha boceta com a sua cueca, me paparicou um pouco, chupou meus seios e voltou a judiar de mim metendo o pau na minha bocetinha dolorida novamente. Mas dessa vez, foi devagarinho, me olhando no fundo dos olhos e sussurrando desesperadamente no meu ouvido que aquilo era tudo que ele queria, era tudo que ele precisava. Eu até esqueci da dor. Foi atencioso, carinhoso, delicado. Já não me dominava totalmente se impondo de modo agressivo, mas me fazendo incapaz de pensar com beijos torturantes no meu corpo inteiro, mãos que sabiam exatamente como tocar, apertar, envolver. Fui adorada dos pés a cabeça, dos lados, do avesso. Só esperava que a língua dele me tocasse de novo, de novo, e de novo, enquanto eu me abria e me esfregava na maciez dos seus lábios, concentrada absolutamente na sensação do pau dele me preenchendo, me rasgando, me penetrando, o gosto do suor dele na minha boca e os rasgos que eu abria com as unhas nas costas dele.

E a faca já não mais me rasgava em dor, mas sim até o fundo me causando prazer. Cada beijo parecia ser direto na carne, direto no nervo, e cada movimento me ateava fogo, fazia meu corpo arder em brasas. O sexo durou um tempão, e ele não parou até me fazer gozar. Perdi a noção do tempo. Perdi o controle dos meus músculos. Fui reduzida aos meus instintos mais básicos, caçada e devorada como uma presa devidamente abatida. Naquele colchão sujo, eu me senti fêmea, me senti dominada pelo desejo, o sótão inteiro cheio de feromônio com aquele cheiro de mofo e aquele cheiro dele, aquele cheiro que sempre fica impregnado em mim quando ele me cumprimenta, aquele cheiro que pra mim é cheiro de sexo, de desejo, de pecado, de profano, de tabu. Quando acabou, eu estava exausta e senti que meu cérebro tinha virado uma geléia. Não tinha sobrado nem um neurônio para contar a história. Aliás, minto. Sobrou um para que eu pudesse perceber que havia esperma escorrendo pela vulva inchada, vermelha e dolorida.

Agora, tínhamos feito aquilo que eu havia jurado jamais fazer. Agora, estávamos condenados por toda a eternidade, condenados a sermos assados para sempre, nus e pendurados de cabeça para baixo sobre as chamas eternas do inferno. Pecadores, exatamente como a avó previra. Agora, talvez houvesse um bebê. Um filho para nos fazer pagar em vida pelo nosso pecado, sem ter que esperar pelo inferno e pelo fogo eterno que nos estava destinado.

Nos afastamos um do outro, fitando-nos, nossos rostos aturdidos e pálidos de choque, mal conseguindo falar ao nos vestirmos. Ele nem precisava dizer que se arrependia. Estava escrito nele, no modo como tremia, em suas mãos trêmulas que tanto vacilavam e se atrapalhavam ao abotoarem a roupa.

Numa noite feita para os amantes, choramos na janela nos braços um do outro. Ele não queria fazer aquilo, e nem eu permití-o. O medo do bebê que poderia resultar de um único beijo subia-me à garganta, hesitando na ponta da língua. Era meu maior receio. Mais que o inferno ou a ira divina, eu temia dar à luz uma criança monstruosa, deformada, imbecil. Contudo, como poderia tocar no assunto? Ele já sofria bastante. Entretanto, seus pensamentos eram mais abalizados que os meus.

– Todas as probabilidades são contrárias a um bebê! Apenas uma vez, não haverá gravidez. Juro que não se repetirá, em hipótese alguma! – Então, puxou-me com tanta força de encontro a ele que me fez doer as costelas. – Não me odeie. Por favor, não me odeie. Juro por Deus que não pretendia violentá-la. Houve muitas vezes em que me senti tentado, mas sempre consegui me dominar. Saía do quarto, ia para o banheiro, subia ao sótão ou enfiava o nariz num livro, até voltar ao normal.

Abracei-o com a maior força possível e murmurei apertando a cabeca contra seu peito.

– Eu não odeio você… Você não me violentou. Eu poderia te impedir se realmente quisesse. Tudo o que precisava fazer era te dar uma joelhada, como você mesmo me ensinou. A culpa também foi minha. Eu te amo, não precisa chorar. Se você quiser esquecer, eu também o farei, mas não existe nada para ser perdoado.

Oh, sim, a culpa também era minha. Deveria ter juízo bastante para não beijar aquele jovem e belo rapaz, muito menos esfregar minha boceta no seu pau. Não deveria usar roupas curtas e transparentes perto de um irmão que sentia todas as fortes necessidades físicas masculinas, e era tão frustrado por tudo e por todos. Eu jogara, brincara com suas necessidades, testando minha feminilidade, sentindo meus próprios anseios ardentes de satisfação.

Era um tipo peculiar de noite, como se Deus a tivesse planejado muito tempo antes. Aquela noite era nosso destino, certo ou errado. Era a escuridão rompida por uma lua muito cheia e brilhante. Como poderia algo tão humano e cheio de amor ser feio e sujo numa noite tão bela? Pude ouvir o mesmo chirriar sinistro e melodioso da coruja que avistara no dia da nossa chegada, como se tivesse sido o presságio do nosso destino que havia sido traçado e finalmente se consumado naquele momento.

Portanto, acontecera, exatamente como a avó previra. Filhos do Demônio. Criados por sementes ruins plantadas no solo errado, brotando novas plantas que repetiam os erros e pecados dos pais.

E das mães.

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4 Comentários

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  • Responder Anônimosjdr ID:830wz4kcd4

    Essa história é de um filme. Mas valeu a leitura, mto boa a dissertação.

  • Responder Identidade Bourne ID:jl10os949c

    Muito bom escritor! Dei 5 estrelas porque sei que um bom texto leva tempo e foco!

  • Responder Sininho ID:8efha52hrc

    Conto muito bom.Nossa quero saber da continuação.

  • Responder Saulo ID:83101xtdzk

    E que virou sua mãe, continue