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Desafios de um pai – 06

8464 palavras | 22 |4.24
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Nosso pai ingênuo precisa lidar com os desafios de cuidar da filha sapeca, enquanto tenta fazer novos amigos depois da separação.

Quando me lembrei que Alice e Carlos estavam sozinhos em casa há muito mais tempo do que o necessário para que ela mostrasse a casa, fiquei bastante desconfiado e comentei com Rodrigo.
– Calma, Sérgio. O Carlos é um pervertido mesmo, já conheço ele de muitas putarias da minha vida e nós dois temos algumas histórias para contar, mas duvido que ele ousaria fazer alguma coisa assim na sua casa, correndo o risco da Alice gritar ou de você pegá-lo no flagra. Relaxa, irmão.
A fala de Rodrigo me deixou mais calmo, mas eu continuava preocupado:
– Então você acha que não preciso ir lá dentro para ver o que eles estão fazendo? – indaguei
– Lógico que não, muito pelo contrário! Boa coisa certamente aquele moleque não tá fazendo, parece uma criança levada, tem chances dele estar bagunçando a sua casa enquanto se diverte com os brinquedos da Alice – disse sorrindo e me dando um tapinha nas costas.
Nesse momento, Rodrigo tirou a camisa suada e a jogou sobre o ombro, já nem se importava em me perguntar se tinha algum problema. A luz amarelada da área fazia um efeito bonito no peitoral sarado de Rodrigo, que brilhava como se ele estivesse besuntado em óleo. Ele percebeu que eu perdi mais tempo do que o usual observando seu peitoral nu, dizendo: “eu sei que sou um coroa gato pra caralho, deixo você me olhar o quanto quiser, mas primeiro vamos dar uma incerta aí para ver o que o Carlos tá aprontando” e sorriu com o canto de boca, me olhando de um jeito malicioso.
Entramos em casa juntos, acendendo as luzes da cozinha e da sala, e gritamos pela Alice, momento em que ouvimos uns gritinhos assustados e o barulho de alguém correndo apressado pelo corredor e batendo a porta. Subimos as escadas, acendemos a luz do corredor e fomos até o quarto de Alice, nos deparando com uma cena inusitada: vários lençóis estavam pendurados formando uma tenda que ia da cama até o guarda-roupa. Alguns estavam presos no ventilador de teto, que estava desligado, cobrindo a luz da lâmpada quase que completamente, deixando a iluminação do quarto bem fraquinha.
Carlos estava deitado de costas no chão, próximo da janela, segurando uma lanterna vermelha que eu havia dado para Alice. Ele iluminou o rosto de um jeito fantasmagórico e deu uma risada macabra: “vou arrastar suas almas para o inferno! Hahahahahaha!”.
Rodrigo não deu atenção à brincadeira de mal gosto. Entrou no quarto desmanchando a tenda improvisada de lençóis, arremessando-os sobre a cama. Depois puxou os lençóis que estavam presos no ventilador de teto e cobriam a lâmpada, liberando a passagem da luz, fazendo com o que o quarto se iluminasse. Em seguida, se aproximou de Carlos e desferiu um chute de leve em seu ombro.
– Poxa cara, doeu! Por que está me batendo? – disse Carlos com um sorriso que eu não consegui decifrar.
– Não vem com gracinha que você sabe muito bem. Que zona é essa aqui na casa do cliente? Que história é essa de entrar sozinho em casa com uma menininha que você mal conhece? E por que vc tá sem camisa? – disparou Rodrigo.
Carlos se levantou puxando a camiseta preta que estava embolada ao seu lado, a vestiu com a maior calma do mundo, e respondeu:
– Estava sem camisa pelo mesmo motivo que o seu, parceiro, tá calor. Mas já entendi que não quer que seu namorado veja que eu sou mais gostoso que você, fica tranquilo que não sou fura olho – disse piscando o olho para ele.
– Para de enrolar cara, responde agora, onde tá a Alice e qual a razão desse circo? – reiterou Rodrigo de um jeito sério.
– A Alice correu agora mesmo para o banheiro, disse que tava com dor de barriga. Ela me mostrou a casa e pediu para brincar de cabaninha com ela, então peguei alguns lençóis no guarda-roupa e fiz a cabana para brincarmos.
– Mas pra quê cobrir a lâmpada, deixando o quarto escuro? – Rodrigo indagou na sequência, sem dar trégua para Carlos.
– Poxa cara, que interrogatório – falou Carlos amuado. Eu queria brincar de contar histórias de terror para ela, sou bom com teatro, você sabe – falou com certa malícia enquanto me observava.
Só então percebi que todo o diálogo estava sendo dominado por Rodrigo, eu continuava mudo no canto, quando resolvi falar:
– Você disse que queria apenas conhecer a casa, iria ficar só cinco minutos, já tem mais de meia hora que está aqui – falei do jeito mais sério que consegui, tentando demonstrar firmeza.
Carlos se aproximou de mim e se desculpou, colocando as mãos no meu ombro:
– Imaginei que você fosse entrar em seguida, não vi maldade alguma, eu juro.
Ele pareceu sincero ao falar aquilo, pois se ele quisesse fazer algo com a Alice, certamente teria escolhido outro lugar e outra ocasião. Estava disposto a aceitar as desculpas, quando notei que Carlos estava com um volume pronunciado, parecendo que o pau estava meia bomba. Percebi também que havia uma mancha de umidade na virilha, no ponto em que a cabeça do pau tocava o tecido da bermuda.
– Mas e esse pau meia bomba aí, você melou sua bermuda enquanto estava com a Alice? – perguntei.
– Cara, não viaja, Alice me ofereceu água na cozinha, acabei derramando na bermuda – respondeu Carlos de um jeito descontraído. Vem, dá um cheiro aqui para ter certeza que é água – disse ele puxando minha cabeça para baixo enquanto segurava o volume com as mãos, puxando-o em direção ao meu rosto.
Eu tentei desviar o rosto da virilha de Carlos, sem sucesso, até que senti a mão forte de Rodrigo afastando Carlos de mim:
– Se fizer esse tipo de brincadeira de novo, morre! – esbravejou, apontando o dedo para o rosto de Carlos.
O clima parecia muito tenso, até que ouvi a Alice gritando e me chamando do banheiro:
– Paiê, vou tomar banho! – disse ela pouco antes de ligar o chuveiro.
Eu fui até a porta do banheiro e perguntei se estava tudo bem, tendo Alice respondido com naturalidade:
– To sim, papai. Eu pedi para o moço fazer uma cabaninha pra mim, ficou linda. Vai lá no quarto ver!
Quando ouvi minha filha dizendo isso, respirei aliviado, tudo não passava de um mal entendido.
Carlos então esfregou o ombro, fazendo uma careta enquanto falava com Rodrigo:
– Tá doendo ainda, você me bate assim porque tem algum desejo oculto sobre mim? Quer experimentar meu pau, garanhão?
– Nem vem! – respondeu Rodrigo aos risos – Guarda essa rola fedida pro Pedro e pras putas que vocês pegam juntos.
O rosto de Carlos ficou vermelho com comentário.
– Ah, você acha que eu não sabia? O Pedro nunca fez segredo, seu trouxa, sei que vocês cortam para todos os lados, seus giletes – finalizou Rodrigo.
Carlos então riu de um jeito nervoso, mas não perdeu a chance de alfinetar:
Quantos anos o vovô tem? 80? Ninguém fala “gilete”mais seu retardado, fala fluido, bissexual, curioso, goy – e seguiu com uma lista de nomes.
Caímos os três na gargalhada e descemos até a cozinha.
Fiquei ouvindo as histórias mirabolantes do Carlos e os feitos sexuais dele, admirado com o quão ativa era a sua vida em comparação à minha, até que Rodrigo cortou o papo, falando que “você não tá acreditando em nada, não, né? Esse aí é o maior mentiroso que já conheci”.
Eu ri desajeitado, mais uma vez estava caindo na conversa dos outros, por sorte tinha Rodrigo ali para ajudar a ser menos lerdo e ingênuo.
Cogitei em dar uma olhada na Alice no banho, quando recebi uma mensagem no celular sobre a confirmação da marcação de consulta com o Dr. Reginaldo, seria no dia seguinte às 13:00h.
Notei que o celular de Rodrigo vibrou pouco depois do meu, ele tinha recebido a mesma mensagem.
Ele fez um gesto de silêncio, indicando que eu não deveria comentar sobre o assunto na frente de Carlos, e disparou:
– Carlos, amanhã vou precisar que me cubra no período da tarde, blz? Tenho um compromisso que não posso adiar.
– Ok, tá de boa. Hoje vc me salvou na parte da manhã – disse Carlos piscando um olho para Rodrigo.
Achei estranho o olhar que os dois trocaram, mas acabei esquecendo do assunto ao ouvir os gritinhos de Alice, que descia as escadas toda animada, “cadê o Rodrigo, quero o Rodrigo!!!”.
Ela estava com os cabelos loirinhos e lisos ainda úmidos, vestindo uma fantasia de pastora azul claro, com que ia quase até o chão. Ela ficava ainda mais graciosa usando a roupinha, uma das últimas que ganhara da mãe antes de ela nos deixar.
Rodrigo a carregou no colo, mas dessa vez não deixou ela passar as perninhas por trás de suas costas, apoiando-a com um só braço do lado direito. “Ta muito cheirosa a minha princesa” comentou ele de um jeito carinhoso enquanto fungava no cangote de Alice, que dava gritinhos de felicidade.
Quando ele a colocou de volta no chão, notei que ele estava com um certo volume no short de futebol que usava, mas não dei importância, sabia que Rodrigo não via minha filha como um predador sexual, mas sim como uma segunda filha. A reação do corpo dele certamente ocorreu de forma involuntária, pensei.
– Olha papai, hoje fui obediente, vesti a calcinha – e levantou o vestido exibindo uma calcinha infantil estilo boxer, branca com estampa de anjinhos.
Antes que eu respondesse, Rodrigo falou:
– Muito bem, Alice! Parabéns. Mas não precisa mostrar a calcinha. Lembra que te falei: você pode ficar pelada em casa, mas não pode quando tem algum estranho ou alguma visita.
Ela então abaixou o vestidinho, obediente, correndo em seguida para a sala, ligando a tv num canal de desenhos animados. Carlos então se virou para mim, provocando:
– Sérgio, não é por nada não, mas fica esperto com esse marmanjo, ele tá carente porque tá longe da filhinha dele e já tá quase roubando a Alice de você. Aposto que as pessoas devem achar que ele é o pai, ainda mais sendo loiro igual a Alice.
– Eu não te falei que nós dois temos um romance? Não preciso roubar a Alice não, sou o pai adotivo dela agora que casei com o Serginho aqui. – disse Rodrigo me abraçando de lado e sorrindo feito um retardado.
– Você anda fazendo piadas demais, Rodrigo, sei não! Toda brincadeira tem um fundo de verdade, se eu fosse o Sérgio corria de vc porque sendo desse tamaninho duvido que ele aguentaria essa jibóia grávida que você tem no meio das pernas.
Carlos podia ser meio intrometido e inconveniente, mas não podia negar que ele tinha umas sacadas muito boas.
Ficamos conversando por um tempo até que o celular de Rodrigo tocou, tendo ele saído para a área da piscina para atender.
Ao voltar, ele me informou que era a Laura, ela havia aceitado ficar com a Alice hoje a noite, chegaria aqui às 20:30h.
– Já cuidei de tudo amigão – disse piscando para mim antes de ir embora junto com Carlos.
Voltei para dentro de casa e me sentei ao lado de Alice, que não deu muita atenção quando disse que sairia à noite e a deixaria com a babá, continuou assistindo desenho e cantando as músicas com sua vozinha estridente.
– Gostei tanto desse vestido, filhinha. Você fica muito lindinha de pastora – puxei conversa.
– Será que o Rodrigo gostou também? Gosto de ficar linda para ele. É o amigo mais legal do mundo inteiro que o papai já teve.
Do jeito que ela falava, parecia que o acidente no banheiro tinha ocorrido em outra vida, não passando de um pesadelo já esquecido. Ela não tocou no assunto e tampouco ficou se tocando na minha frente, sinal de que não estava mais sentido a “cosquinha gostosa” que disse ter sentido ao acordar no dia anterior.
No horário combinado, Laura chegou lá em casa, usava uma calça jeans apertada que a fazia parecer mais gorda, e uma camiseta branca de alça. Rodrigo bem que podia ter arranjando uma babá mais bonitinha, pensei.
Alice recebeu Laura com um entusiasmo incomum, a beijou no rosto e a convidou para assistir desenhos com ela.
– Nossa, será que essa aqui é a mesma Alice que eu conheci no sábado? Ela parece outra menina, é impressionante. Quero saber qual foi o truque, Sérgio, to impressionada – elogiou ela ao se despedir de mim em frente ao portão.
– Devo tudo ao Rodrigo, ele é que causou isso tudo – falei sem pensar e logo me arrependi, pois Laura pareceu curiosa.
– Como assim? O que o Rodrigo fez para causar essa mudança? Ele a conhece há tão pouco tempo – indagou ela, olhando-me com certa desconfiança.
Eu não era muito bom em mentir, mas consegui despistar a atenção de Laura:
– Você sabe, ué. Ele é um grude com ela, tem aquele jeitão despachado e desinibido, ela tem se soltado muito quando ele está por perto. Hoje mesmo ela ficou toda agitada quando ele passou por aqui, tá ligada no 220 até agora.
– Verdade. Ele é assim mesmo, exerce um fascínio com crianças, parece até que tem um imã. Todas as amiguinhas da Jojo eram meio “apaixonadinhas” com ele, ficava aquele monte de pirralha atrás dele, que tinha a maior paciência e disposição para entreter todas elas. E as mães usavam as filhinhas de desculpa para flertar com ele também, a ex-mulher do Rodrigo ficava uma fera.
– Eu consigo imaginar – respondi, aliviado por ela não ter insistido mais no assunto.
Depois de me despedir, fui até o local combinado, era um bar meio fuleiro, do tipo que eu não era muito acostumado. Era basicamente um balcão com poucas opções de bebida e tira-gostos com um aspecto pouco apetitoso, uma tv grande ligada em um canal esportivo, e várias mesas espalhadas.
Embora fosse dezembro, período em que muitas pessoas estão de férias e aproveitam para sair mais de casa, o lugar parecia bem vazio, a única mesa sendo atendida era aquela em que os caras da pelada estavam sentados.
Logo que me viu, Rodrigo me cumprimentou e me apresentou para todos os caras, fiquei surpreso ao ver que tinham homens de todas as idades, desde um senhor mais velho que aparentava ter uns 60 anos, até um moleque que parecia nem ter saído da faculdade.
Todos eles reclamaram da ausência de Carlos e Pedro, “aquelas bibas devem tá se pegando, deviam oficializar logo”, comentaram.
Percebi que Rodrigo havia me colocado num verdadeiro clube do bolinha: um grupo de machos discutindo sobre esporte e falando putaria. Para minha supresa, acabei gostando demais da experiência, todos os caras me receberam bem, insistiram para que eu fosse na quadra jogar com eles, “não espera esse enrolado do Rodrigo te levar não, senão não vamos jogar nunca. Ele tá sempre ocupado destruindo uma buceta, não tem tempo para os amigos”, comentou o senhor mais velho, rindo, e a conversa foi ficando mais e mais pesada, fizeram até lista das melhores bucetas da cidade e quais Rodrigo ainda não tinha “destruído”.
Eu não tinha muito do que comentar, sempre fui devagar nesses assuntos e Rodrigo, percebendo que eu estava meio tímido, falou baixinho no meu ouvido: “cara, não precisa acreditar nem em 1% desse falatório aqui, todo mundo inventa, é só usar a sua imaginação”.
Acabei me soltando mais, falando das minhas raras experiências na faculdade e de algumas tentativas de apimentar a relação com a minha ex-mulher.
A conversa regada a cerveja barata rendeu bastante e, por volta das 00:00h, falei que iria embora, todo mundo ficou insistindo para eu ficar, pois só sairiam quando o garçom levantasse todas as cadeiras e os expulsassem, mas eu disse que precisava acordar cedo no dia seguinte para resolver algumas coisas.
Combinamos de jogar bola na sexta à noite e o senhor mais velho, que descobri se chamar José Bento (todo mundo chamava ele de Bentão), convidou para um encontro das famílias no sítio dele, disse que não precisava me preocupar, podia levar a Alice que o ambiente era bem tranquilo.
Nessa hora Rodrigo o interrompeu dizendo:
– O Serginho é meio travado, Bentão, não sei se vai animar de ir no sítio não – a voz dele estava ligeiramente embargada e Rodrigo suava em bicas, provavelmente devido ao efeito da cerveja.
O comentário de Rodrigo me deixou intrigado, não conseguia entender porque não iria me adaptar numa festa familiar. Vendo a minha cara de interrogação, Rodrigo explicou:
– É que o Bentão é adepto do naturismo que nem eu, no sítio dele roupas são proibidas. Sei que você é mais tímido, Sérgio, não sei se teria coragem de ir.
– Ah, entendi, realmente não sei se teria coragem de ficar pelado numa festa, mesmo sendo de família – concordei.
– Vou deixar nas suas mãos, Rodrigo. Leva o Sérgio com você, convence ele aí – disse Bentão com um sorriso meio safado, certamente decorrente da embriaguez.
Nos despedimos e eu dei uma carona para Rodrigo, deixando ele na porta de casa. Combinei de encontrá-lo no dia seguinte na porta da clínica e segui para casa.
Quando cheguei, vi que Laura estava sentada no sofá falando ao celular. Aguardei ela terminar a ligação e perguntei se Alice estava bem e se comeu direitinho, tendo ela respondido que sim, “não deu trabalho nenhum, fico até com vergonha de cobrar, a menina é ótima”.
Eu agradeci, orgulhoso da minha filha, fiz o pagamento e chamei um Uber para Laura, que minutos depois foi embora.
Acabei não dormindo bem, acordei algumas vezes com Alice parecendo estar gemendo ou chorando e, por fim, decidi dormi num colchão ao lado da cama dela.
Quando acordei de manhã, percebi que Alice já estava de pé, de banho tomado e vestida com um vestidinho bordado cor de rosa.
– Já tô pronta para ir ao médico papai!!! – disse ela ao me ver acordar.
Olhei no relógio do despertador e vi que era 9:00h da manhã.
– Ainda tá cedo, filhinha, mas que bom que você acordou, tomou banho e se vestiu sozinha, já tá virando mocinha. – elogiei.
– E olha meu cabelo, papai, eu penteei fazendo franjinha – exibiu-se ela, orgulhosa.
– Tá lindo, filhinha! – eu não estava mentindo, ela fez direitinho.
Alice estava crescendo e ficando vaidosa, pensei.
Fiz um café da manhã reforçado para mim e um mais leve para Alice. Estava me esforçando para ser um pai como o Rodrigo, atencioso e cuidadoso, então pensei que não seria legal estragar o apetite dela para o almoço.
Por volta de 11:30h fui com ela para um restaurante, onde pedi o peixinho que ela gostava e uma sobremesa de sorvete de baunilha. Depois disso levei ela direto para a clínica e fiquei esperando Rodrigo na entrada.
Ele veio de Uber e chegou em cima da hora, vestia uma calça jeans azul clara com uma camisa polo preta, carregando uma pasta preta de couro a tiracolo. Ele usava um gel no cabelo curto, fazendo uma espécie de moicano que não me pareceu muito adequado para a idade dele. Alice correu até ele, sendo recebida com um longo abraço:
– Minha Alice tá mais linda que princesa, tá igual a uma rainha, a rainha Alice – elogiou.
Pela segunda vez, notei que ele não deixou ela se enroscar na virilha dele como de costume, carregando-a com um dos braços, mantendo-a do lado de seu corpo.
Fiquei de novo com pena dele. Ele continuava preocupado com a cabecinha dela depois do que aconteceu no domingo.
O consultório mais parecia uma casa antiga, não tinha recepcionista e fomos atendidos diretamente por doutor Reginaldo no interfone. Quando nos identificamos, ele destravou a porta de entrada, seguimos por um corredor e subimos dois lances de escada até chegar num hall de espera com dois sofás grandes e uma mesinha de centro com revistas velhas. No canto da sala havia uma caixa com quebra-cabeças e brinquedos, deixada ali certamente para entreter os filhos dos pacientes.
Ficamos sentados num dos sofás, Alice entre mim e Rodrigo, “estamos parecendo aquelas famílias de comercial de margarina”, zoou Rodrigo, ao que Alice disse, animada: “a gente agora é uma família, papai? Oba! Agora Rodrigo vai morar com a gente”.
Expliquei que Rodrigo era quase família, que podia ir lá em casa a hora que quisesse, mas não morávamos juntos, “é como se fosse um padrinho ou tio, vem te visitar mas tem a sua própria casa”.
Na mesma hora Alice retrucou:
– Padrinho e tio não levam no médico, só papai e mamãe que levam, então se Rodrigo tá aqui é porque é meu papai também.
Eu fiquei meio enciumado com a última colocação da Alice, ela não demonstrava tanto carinho assim comigo. Acho que Rodrigo percebeu que eu não fiz uma cara muito boa, pois, mais uma vez demonstrando seu jeitão despachado e muito mais experiente do que eu, ele comentou:
– Ué, achei que você queria casar comigo quando crescesse, princesa. Se eu for seu papai não vamos poder casar quando você crescer – e deu uma piscadinha para ela.
Alice pareceu entender a explicação dele e mudou de assunto, perguntando se ainda ia demorar para ser atendida.
Quase que no mesmo momento, o Dr. Reginaldo abriu a porta do consultório, exibindo um homem da altura de Rodrigo, aparentando ter entre 45 e 50 anos, totalmente careca e com uma barba estilo lenhador, vestindo uma calça branca e uma camisa polo da mesma cor. Ele parecia se cuidar, tinha os braços fortes e um corpo proporcional, mas não era sarado, dava para ver que tinha uma barriguinha de chopp sob a camisa.
Ele se abaixou e cumprimentou Alice, sorrindo, ao que ela falou:
– Que legal a sua barba, parece de papai noel, tem um monte de fio branquinho.
Ele riu e puxou a ponta da barba para baixo, mostrando que era mesmo bem grande.
– Posso pegar nela? – pediu Alice.
Dr. Reginaldo assentiu e ela ficou alisando a barba, mas logo arrematou:
– Não é macia igual a do papai noel de verdade do shopping.
Dr. Reginaldo então se levantou e se apresentou para mim, cumprimentando-me com um aperto forte de mão. Depois se voltou para Rodrigo e deu nele um abraço forte, como de velhos conhecidos.
Depois dos cumprimentos, ele pediu que eu e Rodrigo entrássemos primeiro na sala, falando para Alice ir brincar no canto da sala de espera. Fiquei com medo de deixá-la sozinha, mas ele disse que não tinha perigo, se ela saísse pela porta o sensor de presença dentro do consultório iria apitar.
Entramos no consultório e vimos que era muito grande, havia uma mesa espaçosa mais próxima da porta, com um computador e uma impressora, dois sofás de dois lugares ao centro, uma cama ginecológica próximo dela e uma pia ao fundo, com alguns utensílios médicos. Do lado da pia, viam-se duas portas abertas, com o que pareciam ser dois banheiros.
Sentamos e Dr. Reginaldo foi logo dizendo:
– A doutora Márcia me adiantou todo o assunto, explicou sobre um acidente no banheiro, mas honestamente eu não entendi bem. Geralmente atendo de tudo aqui, não tenho preconceitos ou tabus, o Rodrigo já me conhece e sabe bem disso, atendi a filha dele quando ela se machucou ao cair num tijolo.
– Sim, na época minha ex-mulher ficou com medo de sermos acusados de abuso e eu lembrei que o senhor tinha essa clínica “número 02” – comentou Rodrigo.
– Eu tentei explicar para sua ex-mulher que não havia necessidade, Rodrigo, mas foi bom que nós dois estreitamos a relação, não é mesmo?
Os dois se olharam com cumplicidade, ao que Reginaldo começou a explicar a verdadeira finalidade da clínica.
– Aqui eu atendo casos que não podem ser levados a público. Já cansei de atender crianças pequenas com lesões na região genital provocadas por abuso de pais ou algum outro parente, além de cuidar dos casos de gravidez indesejada na infância.
– Ok, mas nós não abusamos da Alice – interrompeu Rodrigo, com severidade.
Gostei dele ter interrompido o médico, do jeito que Reginaldo falava parecia que eu e Rodrigo éramos dois pervertidos.
– Não quis ofender ninguém, só quis expor a finalidade da clínica e minha posição quanto a esse assunto. Acho perfeitamente normal que as crianças tenham sexualidade e, inclusive, as pessoas seriam mais felizes se pudessem experimentar o sexo desde sempre, sem limites de idade. Acho bizarro a criança aprender com os pais a comer, a caminhar, a brincar de bola, a andar de bicicleta, a nadar e, contraditoriamente, não poderem aprender com eles sobre o prazer que seu corpo pode sentir e proporcionar. Essa preocupação com “inocência” só existe em relação a sexo, quanto aos outros atos da vida ninguém se importa. Sexo é tratado como algo sujo, mas não há razão para tanto, afinal, o corpo humano e todas as suas funções são lindas e tem que funcionar harmonicamente entre si.
Não pude deixar de reconhecer que fazia um certo sentido o que doutor Reginaldo falava, embora ter relações com crianças não fosse algo em que eu estivesse interessado.
Reginaldo então passou a perguntar sobre o que exatamente tinha ocorrido no banheiro, percebi que ele pedia muitos detalhes para Rodrigo, “era muita apertadinha? Seu pau ficou estrangulado ou estava gostoso?” e umedecia seus lábios finos ao ouvir a resposta, como se estivesse gostando do que ouvia.
Ele ficou bastante curioso também quando Rodrigo falou que se sentiu “grudado”, como se Alice sugasse seu pau e o travasse dentro dela, causando muito desconforto ao tentar sair de dentro. “Será que ela estava gostando e estava te prendendo, contraindo e relaxando os músculos do assoalho pélvico?”.
Lembrei do que Alice disse sobre ter “desobedecido” Rodrigo, dizendo que fingiu estar com dor por muito tempo e fiquei mal por ele. Ela talvez tenha travado a vagina involuntariamente no início, mas deve ter passado a fazer de propósito para se manter “grudada” nele. Preferi não falar nada na hora, não queria jogar essa bomba em cima do meu amigo.
– Não doutor, ela tava assustada, com medo, por isso prendia meu pau dentro dela – disse Rodrigo com uma expressão indecifrável no olhar.
Depois contamos sobre Rodrigo ter tido a ideia de ejacular para fazer o pau amolecer, ocasião em que Dr. Reginaldo mais uma vez demonstrou muita curiosidade, perguntando se “mas se não saía de dentro porque estava grudado, como Alice fazia para cavalgar sobre você?”, ao que Rodrigo respondia que “dava para mover, mas ela começava a travar a bucetinha quando meu pau ia saindo, ele não passava da metade”. Dr. Reginaldo molhou os lábios ao ouvir isso, e pude notar ele se tocando sobre a calça branca, que exibia o volume de sua ereção.
Aquilo me deixou desconcertado e perguntei se era mesmo necessário falarmos sobre o assunto, mas Dr. Reginaldo insistiu, dizendo:
– Sei que está incomodado de ouvir tudo o que aconteceu com a sua filha, mas não deveria. Eu daria tudo para ter presenciado o acidente no banheiro, achei bastante erótico, veja só – e se levantou da cadeira, mostrando o volume de sua ereção sem nenhum pudor.
– O senhor não tem medo ou vergonha de revelar sua tara para nós dois? – perguntou Rodrigo, de um jeito sério.
– Por que teria? Vocês dois não estão aqui revelando coisas comprometedoras também? Na verdade, eram vocês dois que deveriam estar preocupados com o que eu posso denunciar, e não o contrário.
Eu e Rodrigo nos entreolhamos. Talvez não tenha sido uma boa ideia levar Alice para avaliação médica, pensei, pois estávamos nas mãos daquele médico tarado.
Dr. Reginaldo continuou nos entrevistando com total naturalidade, ignorando nosso desconforto, perguntando sobre como era o aspecto da vagina de Alice após o acidente e como ela evoluiu nos dois dias que se seguiram.
Nesse momento, comecei a explicar sobre o efeito positivo do esperma de Rodrigo, dizendo mesmo ela tendo saído do banheiro com a vulva bastante lesionada, já estava bem melhor na manhã do dia seguinte e ficou completamente curada em poucas horas.
– Porra curativa – riu dr. Reginaldo – eu me lembro quando Rodrigo me procurou na clínica “número 01”, onde atendo oficialmente na minha especialização de urologia, para tratar do “problema” do pau dele. Fizemos exames para saber se havia alguma anormalidade na glândula bulbo-retal, que produz o líquido pré-ejaculatório ou nas vesículas seminais, pensamos até em algum tipo de tumor. O que descobri é que Rodrigo é um cara sortudo, tem as glândulas enormes por natureza, embora bastante preguiçosas.
– Como assim “preguiçosas”? – indaguei.
– Vou tentar explicar de um jeito simples: glândulas preguiçosas são aquelas que, ao receber um estímulo, não respondem facilmente a um contraestímulo. Logo, ela só tem um modo “turbo”, não tem meio termo e, pior, demora bastante a entender quando é a hora de parar. O sortudo aí molha as calças igual uma criança se ficar de pau duro durante o dia, tem que usar fraldinha. Ele tem o mesmo problema em relação ao suor: tem um metabolismo acelerado, é “esquentado” e quando começa a suar não para mais, pois suas glândulas sudoríparas funcionam no “turbo”.
Depois dessa verdadeira “aula”, Dr. Reginaldo se levantou, sem disfarçar a ereção e abriu a porta, convidando Alice para entrar.
Fiquei desconfortável ao ver que ela olhou curiosa na direção da virilha dele e tentei chamar a atenção dela: “não fica encarando o doutor, filhinha, é falta de educação”.
Ela riu e se sentou numa cadeirinha infantil e Dr. Reginaldo começou a examiná-la, olhando seu pulso, os batimentos cardíacos, enquanto perguntava sobre o que aconteceu no domingo.
Alice respondeu com naturalidade, embora claramente não tenha se lembrado de muitos detalhes: ela sabia que caiu em cima de Rodrigo, que ficou grudada nele e que depois ele “fez xixi” nela e desgrudou. Lembrava também que ficou machucada, mas no outro dia “tava novinha, não tinha mais nada”.
Depois Reginaldo se levantou, ainda com a notória ereção, e começou a ajeitar a mesa ginecológica, ajustando o apoio de coxa a uma altura que fosse compatível com o tamanho de Alice. Percebi que ele também pegou uma esteira com uma cortina cirúrgica, “não gosto que minhas pacientes me vejam durante o exame”, disse ele sorrindo.
Nessa hora Rodrigo se levantou com os punhos cerrados e segurou o doutor pelo braço, dizendo:
– Cara, você é meu amigo, não faz isso – disse olhando-o nos olhos e depois virando a cabeça na minha direção.
Reginaldo riu descontraído e falou:
– Calma, vou apenas fazer o exame, prometo. Podem ficar sentados aqui no sofá perto de mim, assim conseguem acompanhar de perto.
Alice ficou sentada na cadeirinha, com a expressão de quem não estava entendendo nada da conversa, até que Dr. Reginaldo a carregou e a colocou sobre a cama ginecológica, mandando ela tirar a calcinha sob o vestido e depois abrir as perninhas.
Nesse momento, Alice ficou cabisbaixa, relutando em tirar a calcinha:
– Não quero tirar a calcinha, o papai vai brigar comigo – falou.
– Pode tirar filhinha, não vou brigar não – respondi.
Ela esboçou um choro, fazendo manha enquanto cruzava as perninhas, resoluta.
Rodrigo então foi até ela e a tranquilizou, dizendo:
– Se o papai falar que vai brigar com você, deixa que eu te protejo, ok? Não vou deixar ele ficar bravo – e deu uma piscadinha sacana para ela.
Como era de se esperar, Alice obedeceu Rodrigo prontamente, puxando a calcinha para baixo e a entregando nas mãos dele.
Dr. Reginaldo então abaixou o encosto da cadeira, fazendo com que Alice se deitasse, e apoiou as duas perninhas no porta-coxa acolchoado, mandando que ela levantasse a saia do vestido. Quando ela levantou, eu e Rodrigo ficamos em choque: a vulva de Alice estava bastante vermelha, inchada, os grandes lábios saltados para fora ligeiramente arroxeados. Dr. Reginaldo usou então o espéculo vaginal e analisou o colo do útero, indagando:
Vocês estão de brincadeira comigo? Não tinham falado que ela estava bem? – indagou.
– Não é possível doutor, nós vimos ontem de manhã, ela estava ótima, não estava Alice? – perguntei.
Alice ficou em silêncio, parecendo constrangida.
– Você quer que o papai e o Rodrigo fiquem lá fora para conversar comigo? – indagou Reginaldo.
Ela balançou a cabeça, fazendo um sinal positivo, ao que Reginaldo então apontou para a porta da sala, indicando a saída.
Rodrigo olhou de um jeito desconfiado, mas Reginaldo o tranquilizou:
– Não se preocupe, não vou demorar aqui.
Nós então demos de ombro e saímos da sala.
Já do lado de fora, eu levei as mãos no rosto, preocupado, e Rodrigo me acalmou:
– Temos que pensar com calma, Sérgio. Acho que tanto eu quanto você temos uma ideia do que pode ter acontecido, não temos?
– Cara, na verdade eu não tenho a menor ideia – falei atordoado. Ela estava super bem, não demonstrou nada, não vi ela se machucando desse jeito. A única coisa que me chamou a atenção hoje foi que ela dormiu mal, ouvi ela gemendo durante a noite.
Rodrigo me olhou com uma expressão entre frustrada e impaciente, dizendo:
– Sergio, né possível que você é tão lerdo assim. Você esqueceu que ontem a Alice ficou um tempão sozinha com o Carlos dentro de casa? – disse cerrando os punhos. Se aquele filho da puta tiver machucado minha princesa, eu vou partir ele ao meio – afirmou, socando a palma da mão de um jeito ameaçador.
Eu tinha me esquecido disso. Lembrei que Alice correu para o banheiro antes de chegarmos no quarto, tomou banho sozinha e, pela primeira vez em vários dias, usou calcinha em casa.
– Ela deve ter colocado a calcinha para eu não ver que estava machucada. Hoje de manhã ela fez a mesma coisa, tomou banho e se vestiu sozinha, colocando calcinha. E eu não notei ela reclamar de dor ou andar de forma estranha, até agora ela estava normal.
– Não adianta se martirizar agora, Sérgio. Eu também não percebi nada, ela não esboçou desconforto algum quando a carreguei no colo hoje. Mas me diz aqui, será que não é melhor eu ir agora atrás do desgraçado do Carlos enquanto você fica aqui no consultório? Não vou conseguir esperar terminar essa consulta não.
Enquanto a minha reação era a de completa inércia e desespero, a de Rodrigo era a de ódio e violência. Temia que ele fizesse alguma besteira, mas não sabia como convencê-lo a esperar, ele parecia obstinado a “quebrar o Carlos ao meio”.
Rodrigo já estava a meio caminho da saída quando foi interrompido por doutor Reginaldo, que abriu a porta do consultório e nos chamou de volta.
– Seus dois paspalhos, voltem aqui! – disse ele, rindo.
Voltamos sem entender direito o motivo do humor do médico. Ao entrar na sala, vimos que Alice continuava deitada, com as perninhas abertas e apoiadas no porta-coxa da cama ginecológica.
Dr. Reginaldo, então, mandou que ela contasse como se machucou, quando ela finalmente falou:
– Desculpa papai! Fui eu que fiz o dodói na minha xaninha ontem no banheiro. Eu tava brincando com o botãozinho (Alice parecia se referir ao clitóris) quando tive a ideia de brincar com o tubo do creme de cabelo, tava gostoso na hora, mas quando terminei de brincar vi que estava toda vermelhinha e começou a arder quando caiu a água do chuveiro. Fiquei com medo do senhor me xingar e escondi o machucado.
Rodrigo não parecia muito convencido com a explicação:
– Que creme é esse Alice? Como assim “brincou com o tubo”, fala a verdade para mim, por favor.
– Eu to falando a verdade – respondeu ela de um jeito manhoso. É aquele tubo cor de rosa, da ponta grande redonda, parecendo um nariz de palhaço.
Realmente o creme infantil que ficava no banheiro social era um tubo rosa grande, com a tampa em formato de bola. Se fosse colocado na vagina de uma criança, certamente causaria um grande estrago.
Tirei o celular do bolso e pesquisei na internet a marca do produto. Ao encontrá-lo, deu um zoom na imagem e mostrei para Alice:
– Era esse tubo?
Ela assentiu balançando a cabeça.
Rodrigo e Reginaldo pareceram muito assustados ao verem a imagem do objeto: era um tubo cilíndrico do tamanho de um Rexona, não tão grosso, mas cuja tampa era bem mais grossa e redonda.
– Isso explica as pequenas lesões na cavidade vaginal – comentou Reginaldo. Um pênis não provocaria tais lesões caso ela tivesse sido penetrada.
Ficamos curiosos com o comentário, tendo Rodrigo indagado, incrédulo:
Como assim, doutor? Era para ter machucado internamente a parede do útero também, não?
Aí que você se engana. Do ponto de vista clínico, as lesões mais comuns ocorrem na parte externa da vagina, nos lábios vaginais, sendo raras lesões internas, salvo quando já existe alguma lesão pre-existente. O pênis tem formato e consistência específicos para toda e qualquer relação sexual vaginal, uma vez que sua função é reprodutora. Mesmo com dor, ele sempre pode se acomodar em qualquer vagina. O colo uterino também foi feito com a melhor forma possível para suportar o ataque peniano na relação sexual. Claro, uma segunda relação sexual poderia ter ampliado a lesão do hímen rompido, causando sangramento ou alguma equimose, mas estranhamente ele me pareceu muito bem cicatrizado, talvez tenha sido efeito da sua “poção de xixi” – disse o doutor dando uma piscadinha para Alice, que retribuiu com um sorriso.
Rodrigo então suspirou aliviado, murmurando “quase fiz uma besteira, ia matar o Carlos”.
Nesse momento, dr. Reginaldo ajeitou a cortina cirúrgica na cadeira ginecológica, colocando-a rente ao peito de Alice e, sem qualquer pudor, abriu o zíper da calça, exibindo o pênis circuncidado, fino e meia bomba.
Ele sabia que eu e Rodrigo estávamos de pés e mãos atadas, não podíamos impedi-lo.
Então ele começou a fazer perguntas para a Alice como se estivesse fazendo um atendimento normal: “você tem sentido alguma dor ao se sentar? Sente alguma ardência como se estivesse queimando? Teve dificuldade para urinar? Tem lavado e secado direitinho a pepequinha?”.
Alice ia respondendo tranquilamente, enquanto o médico tarado se masturbava na frente dela, que nada via.
Depois ele chegou mais perto da menina, dizendo:
– Eu vou passar agora um produto na sua xaninha para ver onde você sente dor e onde não sente. Quero que fale onde sente alguma cócega também, entendeu?
– Entendi.
Eu virei os olhos, sem querer ver o que acontecia e Rodrigo me segurou com força pelo braço, sussurrando: “eu vou matar esse desgraçado”.
Dr. Reginaldo pareceu ter ouvido o comentário e falou:
– Podem esperar do lado de fora, caso não queiram acompanhar o atendimento, mas acho importante ficarem aqui para entenderem melhor como ela está.
Nesse momento, Rodrigo foi até Reginaldo e o puxou até o canto da sala, sussurrando algo para ele que eu não consegui ouvir.
Reginaldo continuava se masturbando, não se intimidando com a presença imponente de Rodrigo. Os dois cochicharam alguma coisa e, em dado momento, Rodrigo pareceu resignado e se sentou novamente no sofá, dizendo-me em tom baixo, para que Alice não ouvisse: “ele não queria negociar, mas aceitou não foder a Alice completamente, disse que iria apenas brincar mais na entrada e sentir a bucetinha dela um pouquinho, apenas enquanto a examinava. Foi o máximo que consegui, amigo”.
Rodrigo era muito mais proativo na defesa de Alice do que eu, pensei. Mas não havia muito o que fazer. Não estávamos em posição de fazer qualquer oposição ao médico, ele poderia nos complicar bastante caso levasse o caso ao conhecimento da polícia.
Nesse momento, Reginaldo voltou para a cama ginecológica, voltando a conversar a Alice como se nada estivesse acontecendo.
– Vou passar o produto na xaninha, Alice, você vai ver que é meio úmido e quente, me avisa onde dói e onde não dói – disse o médico.
– Tá bom, doutor – respondeu ela, inocente.
Reginaldo então se agachou na frente de Alice, cuspiu sobre o pênis, se masturbando, e colocou a língua para fora, passando-a suavemente, em movimentos circulares, no clitóris da menina.
Ela começou a rir, dizendo que sentia cócegas, momento em que ele passou a sugar o pequeno clitóris da menina, que respondeu com um gritinho: “faz muita cosquinha, para senão vou fazer xixi!”.
O doutor não se importou com o pedido da menina, continuando a sugar o grelinho de Alice.
Depois de algum tempo, abriu os lábios vaginais e passou a lambê-los, ouvindo protestos de Alice, “tá ardendo”. Ele respondeu “ok, imaginei que fosse arder, me diz se arde quando eu passo o produto assim”, passou a lamber a parte externa da vagina, deslizando a língua por toda sua extensão.
Alice reagiu com um pequeno espasmo, dizendo “arde um pouco, mas também faz cosquinha gostosa”.
Eu estava em choque com a cena, sentindo-me impotente. Quando olhei para Rodrigo, pensei ter visto um volume maior em sua calça jeans, bem como uma mancha em sua virilha, mas não tive certeza, pois na mesma hora ele colocou no colo a pasta de couro que trazia consigo.
Acabei pensando que era imaginação, pois sabia que ele jamais olharia com maldade para Alice, já tinha me provado que era de inteira confiança. Logo que voltei minha atenção para Alice, a ouvi soltando um gemidinho, dizendo “fiz xixi, desculpa”.
– Tá tudo bem, Alice, é normal. Continua sentindo alguma ardência ou dor? Ou agora sente apenas cócegas?
– Arde um pouco na rachinha, mas no botãozinho só senti cosquinha – respondeu ela.
Então agora vou passar uma pomada em você. Vou usar um tubo médico, me diz onde dói e onde arde, tudo bem?
– Tudo bem – disse ela obediente.
Reginaldo então se levantou, pegou uma bisnaga sobre a pia, besuntou o pênis ereto e voltou para a cadeira.
Nesse momento senti as mãos de Rodrigo apertarem meu pulso com tanta força que pensei que ele fosse quebrá-lo. Ia protestar pedindo que ele parasse, mas resolvi suportar a dor, pensando que isso talvez ajudasse Rodrigo a conter a fúria que sentia naquele momento.
Reginaldo, que parecia atento a tudo o que acontecia, se virou para nós dois, dizendo:
– Os papais aí podem ficar sossegados, vou passar mais pomada na parte externa da vagina. No canal vaginal vou colocar bem rapidinho, para não aumentar o sofrimento da minha princesa, é só para garantir que não vai inflamar por dentro.
Rodrigo continuava fazendo pressão sobre meu pulso, mas eu permaneci calado, era o mínimo que eu poderia fazer para aliviar a tensão do meu amigo naquela situação.
O médico então perguntou para a Alice se podia começar a aplicação, ao que ela perguntou:
– Não vai arder muito né, doutor?
– Deve arder um pouquinho, mas vou passar pouco produto e vai ser rapidinho, tudo bem?
– Tudo bem – respondeu a menina.
Reginaldo então pegou a bisnaga e passou pomada na glande, dizendo “vou passar aqui que está roxinho, você vai sentir uma ardência, mas logo vai notar que vai ficar geladinho igual bala halls, tá bom?”, ao que Alice respondeu “tá bom”.
Na sequência, ele começou a besuntar toda a extensão da virilha de Alice, usando o pau duro como instrumento, ouvindo ela rir dizendo: “tá geladinho, mas é gostoso passar a pomada”.
Quer mais pomadinha? – perguntou ele, olhando de lado em nossa direção.
Quero sim, tá melhorando muito, to sentindo cosquinha – disse ela ingenuamente.
Enquanto Reginaldo massageava a área externa da vulva de Alice, pude ouvir ela soltar uns gemidinhos, como se estivesse gostando.
Em dado momento, Reginaldo passou a esfregar a cabeça do pênis no canal vaginal, afastando os lábios e revelando o canal avermelhado. Nesse momento, ouvi ela reclamar um pouco de dor, dizendo “ta ardendo, passa mais pomada”, ao que Reginaldo besuntou mais pomada na glande e voltou a fazer o movimento, perguntando “melhorou agora?”, ao que ela assentiu balançando a cabeça.
Notei que ele começou a se masturbar com mais velocidade, perguntando a Alice se já estava pronta para ela passar a pomada mais fundo, porque também tinha machucado por dentro, ao que ela respondeu que “sim, doutor, lá tá doendo também, quero pomadinha”.
Ele colocou uma quantidade maior do gel branco sobre a glande e a penetrou sem dificuldade, mas não enfiou até o fundo, apenas até a metade, ouvindo ela dizer “tá ficando muito geladinho lá dentro, é engraçado”.
O médico ofegou um pouco, ao que Alice perguntou:
– Tá cansado doutor?
– Sim, tô ficando cansado, mas já estamos quase acabando, falta agora colocar um pouco no fundo e está pronto.
Ele retirou o pênis para fora, voltando a punhetá-lo, dando para que sua rola estava coberta com gel branco misturado com o que pareceu serem vestígios de sangue de Alice, “o tubo saiu um pouco sujo de sangue coagulado, você deve ter sangrado um pouco ontem ao brincar com o pote de creme”.
Sem se importar com a sujeira, ele colocou mais pomada na glande, se masturbou com mais velocidade e a penetrou com violência. Ficando colocado a seu corpo.
Alice deu um leve sobressalto, mas não reclamou, ao contrário, disse “aí no fundo dói menos, tá bem melhor, doutor, tá até mais quentinho”.
Eu estava tão chocado com tudo que assistia, que mal notei quando Rodrigo parou de apertar meu pulso, somente recobrando a consciência de que ele estava ao meu lado quando ele sussurrou: “espero que ele não ejacule dentro dela”.
Reginaldo perguntou para Alice se precisava de mais pomada lá dentro do canal vaginal, porque o tubo médico já estava quase acabando, ao que ela respondeu, “coloca mais um pouquinho, por favor”.
Ele então tirou o pênis todo para fora, voltando a se punhetar, passou uma quantidade menor de pomada na glande e penetrou a menina com mais força, batendo as bolas na bundinha dela. Alice pareceu ter notado o contato, perguntando:
– O que é isso que bateu em mim?
– Foi a minha bolsinha médica, Alice, foi sem querer.
Ele passou a estocar com suavidade, dizendo que iria massagear o canal e que ela ficaria boa. Ficou assim por algum tempo, no início perguntava para ela se estava melhorando, ao que ela dizia que “sim, passa mais pomada”.
Percebi que ele foi acelerando os movimentos, batendo de leve o saco na bundinha de Alice, que comentou, “a bolsinha prendeu de novo no tubo médico, doutor, tem que tirar ela”, ao que ele falou, “não tem problema, já está quase acabando, vou jogar a bolsa e o tubo fora quando acabar de fazer a massagem”.
Passado algum tempo, Reginaldo soltou um gemido, dizendo que “estou muito cansado, preciso parar senão vou fazer errado e estragar o tubo médico” e ficou colado ao corpo dela, como que degustando a bucetinha da minha pequena. Em seguida, ele disse “acho que agora o tubo acabou”, saindo de dentro dela e se masturbando com força até finalmente ejacular no chão do consultório.
Olhei para Rodrigo, que olhava hipnotizado para a cena enquanto apertava a bolsa de couro sobre o colo. Ao se virar para mim, ouvi ele murmurar “Até que enfim terminou”.

Continua

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22 Comentários

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  • Responder 100limites ID:1e4cq38tucp6

    Caralho.. sensacional… está tão boa a história que quando estou quase gozando, paro de bater a punheta só para continuar com o tesão… Acho que vou maratonar todos e gozar no final… e segura a gozada, vai ser igual a do Rodrigo… pena que na minha mão… estou louco para ter alguém pervertido assim como eu para ler esses contos juntos e nos masturbando ou transando e vivendo essa fantasia…

    Telegram cemlimitesparaperversao
    email [email protected]

  • Responder Pitbull ID:1eunjxxtqyvx

    Rodrigo esquece que a Alice é criança quando começa a socar. Chama de puta e mete como se a nina não tivesse 7 anos

  • Responder Fã do Bourne ID:8d5vce96ic

    Olá, leitoras e leitores! Eu me inspirei nessa sequência e estou elaborando minha própria, intitulada Criando Silvinha. Já estou com dois capítulos. Por gentileza, leiam e comentem! Gostaria muito de contar com as observações de vocês! Abraços!

  • Responder Jairo ID:8d5fqgz49a

    Essa história é muito boa mesmo. Com tantos detalhes excitantes. Mas falta cena de sexo. Quase não teve. Muito figurante, pra pouco sexo. Vejo que Rodrigo é um bichona interesseira. Vamos ver no que dar. Obs. deveria ter sexo no decorrer e olha que já é a sexta parte. Cadê o sexo….

  • Responder WOLF ID:5h60niiq

    Como faço para mandar uma história que tenho formulada na minha cabeça.
    Uma ficção bem louca e criativa mas como sou péssimo para escrever eu lhe passo.
    Obrigado por compartilhar suas histórias conosco.

    • Santo77 ID:1e8umc07dhak

      Cara termina o conto 12

  • Responder titio safado ID:8effqh0d9a

    porra quero a continuação

    vontade de ter uma bocetinha ao invés de um cacete

  • Responder Seu fã ID:2ql4cvyd1

    Cadê a continuação ?

  • Responder Lalinha ID:gqazp1oid

    Vta ao foco que estava uma delícia a inocencia do pai…quero ver o pai encaixando o pau do amigo dentro da filha e ajudando a curar e mina lá e ceder aos desejos dessa safadinha com tô maravilhoso , bora que vc arrasa 👏👏👏👏👏

  • Responder Amon ID:1wm1mknq

    Aguardando ansiosamente a continuação.

  • Responder Wolf ID:on96159fij

    Oi cade a continuidade?
    Quer dicas e ideias?

  • Responder Amon ID:1wm1mknq

    Perfeito

  • Responder Carlos ID:2ql412c8l

    Você devia voltar a focar mais no Rodrigo e na Alice, todas as partes mais excitantes você colocou na parte quatro e nessas duas últimas você focou na relação dela com outros homens mas com o Carlos foi off câmera e com o médico tarado foi muito explícito sendo que o bom do conto é o pai não perceber que estão se aproveitando da filhinha dele. Você devia disponibilizar algum e-mail para os leitores te enviarem sugestões

  • Responder Sou de Natal ID:2ql4cvyd1

    Vc vai rescrever outros contos icones dos contos eroticos ? Deveria.
    Ja ancioso pra continuação

  • Responder Putao ID:1dak46sed2

    Continua, preciso disso pra já

  • Responder Júnior Alves ID:fi05nked0

    Bom, esse com certeza foi melhor do que o outro, mas mesmo assim está a baixo dos quatro primeiros, principalmente do quarto que é o melhor conto que eu já li na vida. O que eu estou sentindo falta é de acontecimentos durante o conto, porque nesse e no anterior só aconteceu alguma coisa no final, mas com certeza foi melhor do que o anterior. Seus contos são únicos, e por isso tanto gente tem gostado, então não deixe esses comentários imbecis abalar você. Ansioso pela continuação. Um abraço

  • Responder Davi Souza ID:8d5n6s5zri

    É. Você vai de mal a pior. Quando eu penso que vai ser mais do mesmo, quer dizer, uma porcaria, então você me surpreende e faz uma imundície. Cara, os primeiros até que havia um certo erotismo, mas esse você se perdeu completamente. Não havia necessidade alguma desse médico pervertido. Você tá fodendo legal com o pouco de dignidade que há nessa história.

    • paulo ID:1dai0texik

      para de ser mediocre nem escre nada e ainda vem criticar o cara seun chupador de rola fuleiro

    • Davi Souza ID:8d5n6s5zri

      Kkkkkkkkkkkkkk
      Foi mais excitante o Paulo me chamando de CHUPADOR DE ROLA FULEIRO do que qualquer coisa que esse escritor pamonha denominado Fã De Identidade Bourne já tenha escrito.

  • Responder Comoquieto ID:830xyuf08l

    Vai ser interessante quando for narrar a parte que o Carlos comeu ela e depois como ele e o outro “amigo” comeram ela e a baba Laura rsrs

  • Responder paulo ID:1dai0texik

    simplesmente espetacular, me rendeu uma excelente gosada.

    • Anônima safada ID:yazosb0i

      Vdd