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Os Prantos De Manuela: um demoníaco escravo

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Robério procriava com ódio, o seu intuito era colocar na alma de seus filhos uma intensa revolta de todas as humilhações que os escravos viviam naquel

Naqueles tempos em que o sol escaldante queimava os engenhos brasileiros, em terras violentas e cheias de angústias, existia um homem que mais parecia um monstro tamanha as marcas de tortura que ostentava no corpo, tanto que causava medo não só em razão da vermelhidão daquele olhar demoníaco, demonstrando todo o ódio que incendiava a sua alma, mas também por causa das cicatrizes que ostentava nas costas, feridas essas ainda muito recentes.
Robério era o nome desse homem, um escravo que demonstrava no olhar que não aceitava ser humilhado por nenhum branco desse mundo, razão pela qual era açoitado todo o santo dia sob ordens diretas do barão de Matacavalos que queria vê-lo pedindo clemência, mas isso não acontecia, nada o faria pedir piedade para os malditos brancos que arrancaram o seu povo de suas terras para as mais humilhantes situações, nas condições mais desumanas que um ser humano poderia suportar, era tanta crueldade que aquele homem já tinha perdido a humanidade.
Robério era constantemente chicoteado, mas não expressava nenhuma reação, do rosto dele não era capaz de ver nenhum sinal de fraqueza enquanto o chicote queimava as costas, pois o rosto nem ao menos se contraía enquanto com os olhos vermelhos de raiva encarava o barão de Macavalos que realmente se deliciava em torturar os cativos, contudo parecia que aquele escravo não aceitava ser rebaixado sob nenhuma hipótese, uma vez que as costas daquele animal sangrava, era jogado sal grosso em suas feridas, mas ainda assim nenhuma reação era manifestada, a não ser o olhar que demonstrava uma raiva quase assassina…
Os dias se passaram ao som do chicote, mais de cem chibatadas por dia, tudo isso enquanto o orgulhoso barão de Matacavalos apreciava a tortura que causava em seu escravo. O tronco de correntes diante da senzala já estava vermelho com o constante sangue do escravo Robério, contudo ainda assim aquele cativo não demonstrava fraqueza, ainda que o chicote fosse ainda mais violento, ainda que os feitores usassem de toda força porque se sentiam desafiados por aquele cativo, nenhum sinal de fraqueza era emitida no escravo que no máximo rosnava com os olhos vermelhos que demonstravam o desejo de estraçalhar, tanto que muitos diziam que aquele homem mais parecia um demônio enquanto encarava o sádico fazendeiro que não conseguia entender como aquele homem acordava na manhã seguinte para trabalhar nos engenhos, tudo isso com as costas em carne viva, tudo isso em cicatrizes que o acompanhariam para sempre.
O barão de Matacavalos não aceitava ser desafiado, sentia um ódio mortal por aquele escravo que mais parecia um monstro, uma criatura desumana que ostentava o petulante olhar audacioso que mostrava pouco respeito, jamais deixando se rebaixar diante de sua presença oligárquica, nem mesmo os feitores teriam tanta liberdade para olhá-lo daquele jeito desrespeitoso. Portanto, no meio de sua intensa sede de vingança, o barão conseguiu achar uma forma de fazer com que o escravo se colocasse em seu lugar, uma forma muito simples para conseguir que ele rosnasse de dor numa noite constelada em que os pássaros se assustaram com um grito de homem torturado, mas não era um grito comum, era um brado cheio de ódio que demonstrava um demoníaco rancor, um urro animalesco de quem queria matar com crueldade.
O escravo Robério estava acorrentado com os braços abertos, suas costas estavam cheias de cicatrizes horrendas, feridas essas não tão tenebrosas quanto a marca que o barão ordenou que fizessem no peito do cativo, marca esta feita em ferro em brasa demonstrando a todos que ele era propriedade do barão de Matacavalos, um sádico que conseguiu fazer com que aquele escravo gritasse a sua tortura, mas a satisfação daquele sádico durou pouco, uma vez que novamente o escravo estava com aquela expressão ousada e desrespeitosa que tanto o angustiava.
O escravo Robério não sentia dor alguma!
O barão de Matacabavos se sentiu ainda mais desafiado!
A tortura durou anos até dia que o barão de Matacavalos deixou de existir, uma vez que havia morrido após uma epidemia de tuberculose, a alma daquele homem já queimava no inferno e as únicas marcas que ele havia deixado no mundo além das inúmeras cicatrizes do escravo que mais odiava, era a única filha que estava aos cuidados da madrasta que mais parecia uma geleira no meio daquele engenho, toda vestida de preto em razão do luto que cobria o rosto com um fúnebre véu das viúvas que choram os maridos.
O escravo Robério não sabia o que aquela mulher fazia no meio dos escravos, embaixo daquele sol que queimava a pele, no meio daquele inferno infringido aos cativos, mas aquele homem bem havia percebido que a mulher havia ficado assustada com a sua presença monstruosa, tudo em razão de sua expressão fechada como a de um assassino, uma vez que por trás do rosto quadrado do escravo, por trás de uma espessa barba, havia um olhar demoníaco de quem queria ver os inimigos sofrerem, havia um evidente espírito de vingança que muito impressionou aquela mulher.
Mas, naquela noite aquele homem tinha mais o que pensar enquanto nos estábulos uma escravinha controlava os gritos da depravação, controlava os gemidos de quem tinha a bucetinha rasgada por um caralho de jumento, pois após um dia inteiro de trabalho pesado, passando todo o tipo de humilhação, o escravo aliviava-se ejaculando bem fundo na escravinha que estava obrigado a engravidar, não havia outro termo, uma vez que desde que se tornara homem o escravo havia ganhado esta função, tinha mais de duzentos filhos espalhados no mundo, um orgulho espalhar o seu sangue em guerreiros que lutariam pela liberdade de seu povo, mas também era uma desgraça ter que humilhar aquelas mulheres com o sexo para a procriação.
– ENGRAVIDE-A!
O escravo ainda se lembrava da primeira vez que tinha ouvido essa ordem enquanto ainda era um adolescente, ele não sabia o que fazer, mas diante da reação medrosa da moça o pobre rapaz não pensou duas vezes em se negar, um erro gigantesco, uma vez que mais de cem chibatadas levou nas costas, quando na juventude chorava a cada ferida, mas ninguém se apiedava daquele horror que passava, os feitores se divertiam muito com isso, razão pela qual não demorou muito para o rapaz entender que não tinha escolha a não ser cumprir a ordem de engravidar a escravinha que passava na sua frente, mesmo que a pobre se recusasse a isso. Ou seja, os brancos ensinaram o estupro aquele homem, os brancos foram os responsáveis pelo início de nossa história.
Por que justamente aquele escravo havia sido escolhido para aquela função?
Naquela época, Robério era um adolescente magrinho com mais de dois metros de altura, mas foram as canelas finas que fizeram com que acreditassem que ele era um garanhão, pronto para multiplicar a sua raça criando mais escravos para o seu senhor. Os anos se passaram, razão pela qual aos trinta anos o escravo não era mais um magricela, mas sim um negro cheio de músculos em razão do trabalho pesado que havia sido submetido, parecendo um monstro por causa das costas largas e cobertas de cicatrizes, parecia que tinha perdido a humanidade, mas os duzentos filhos espalhados no mundo eram a prova de sua capacidade de multiplicar a espécie.
Naquela mesma noite em que ele havia encontrado a fúnebre baronesa nos engenhos, o escravo suava em cima da jovenzinha que tinha que engravidar, no meio dos estábulos envolta dos animais que observavam no meio do feno aquele brutamonte metendo com toda a força na coitadinha que já estava acostumada com essas brutalidades, já havia sido engravidada por aquele macho várias vezes, perdendo todos os filhos que eram vendidos logo após o nascimento, até que o pênis finalmente ejaculasse dentro de seu útero a semente que germinaria num herdeiro.
Robério procriava com ódio, o seu intuito era colocar na alma de seus filhos uma intensa revolta de todas as humilhações que os escravos viviam naqueles tempos, imaginava que eles herdariam a sua sede de vingança, herdariam a vontade de ganhar a liberdade onde todos os brancos seriam mortos sem a menor piedade, tudo porque os brancos eram os seus maiores inimigos, assim, toda a noite na escuridão das senzalas aquele homem incentivava os cativos a se rebelarem, a lutarem para fugir para o quilombo dos palmares, mas a impossibilidade disso era tanta…
Qual foi a reação daquele escravo ao saber que deveria engravidar uma sinhazinha?
Robério pouco entendia o que estava fazendo na casa grande, muito menos entendia o porquê da baronesa de Matacavalos tê-lo chamado para o escritório do homem que havia queimado o seu peito em ferro em brasa, mas a maior surpresa foi ver que aquela mulher tirava o véu na sua frente, deixando de aparentar a fúnebre presença de uma viúva que chorava o seu luto, muito pelo contrário, aquela mulher parecia ter a brutalidade dos homens sanguinários, sua expressão era autoritária, mas o mais surpreendente era o olhar gelado que ainda assim brilhava em razão da sede de vingança em face de sua enteada desrespeitosa.
– Duzentos filhos espalhados no mundo!
Robério sabia que não deveria dar uma resposta aquela mulher, não gostava daquele ambiente, tinha uma sede de vingança intensa no seu peito, seria capaz de matar aquela desgraçada com as próprias mãos se fosse preciso, uma vez que aquela tinha sido a esposa do homem que o torturara durante anos seguidas, a mulher que gozava de todos os luxos enquanto o seu povo sofria embaixo do sol escaldante, apanhando dos feitores, sofrendo todo o tipo de humilhações, razão pela qual o escravo parecia que iria matar a qualquer momento.
Os capatazes estavam naquela saleta muito bem-armados, sabiam muito bem da fama daquele escravo desrespeitoso, razão pela qual consideravam uma loucura a baronesa querer se encontrar com aquele cativo pessoalmente, pouco entendiam o que estava acontecendo, mas tudo começava a ser esclarecido no momento em que a mulher da forma mais gélida possível ordenou que aqueles homens armados saíssem da saleta, até tentaram argumentar, mas a autoridade daquela mulher era tanta que ela já trancava a porta pra ficar sozinha com o escravo de mais de dois metros de altura, um monstro que tinha a alma repleta de rancor, tanto sentimento maligno que o olhar exalado era de um verdadeiro assassino, contudo era disso que aquela mulher precisava.
A baronesa de Matacavalos falava de forma arrastada, como se estivesse contemplando a vida numa janela cheia de mansidão.
– Os capatazes me disseram que és um garanhão, um escravo procriador, tendo mais de duzentos filhos espalhados no mundo, mas também me disseram que as escravas reclamam constantemente do tamanho do que tens entre as pernas, que não sabes fazer o amor que toda mulher precisa, tudo isso porque o meu marido arrancou-lhe a humanidade. Onde irias para obter a vingança em face do meu marido?
A baronesa de Matacavalos tinha um olhar brilhante diante daquele homem gigantesco, um verdadeiro ogro que lhe causava calafrios, mas também causava a deliciosa coragem para o que deveria realizar, tudo isso porque aqueles dois tinham algo em comum: o intenso ódio em face do falecido barão, uma intensa vontade de vê-lo chorar no inferno onde pagava os pecados.
O escravo não respondeu a pergunta, continuou a manter a face fechada como uma rocha, pouco demonstrando qualquer emoção, a não ser um olhar demonstrativo de toda a intensa vontade de matar aquela mulher que o encarava como se fosse um objeto, um bom incentivo para a vingança que ele desejava, sempre imaginando o falecido barão chorando a morte de sua esposa no inferno.
– Eu também tenho desejo de vingança, nós compartilhamos a mesma dor, eu detesto o meu marido, o odeio com todas as forças, mesmo depois de sua morte ainda desejo que ele sofra, no inferno, mas eu sei como ele poderá chorar mesmo de tão longe, uma vez que ele amava a sua filhinha, uma vaquinha infame que acabou da fazer doze aninhos, mas ainda assim tão desrespeitosa que merece passar por um castigo, pois os castigos fazem bem ao caráter!
O escravo não entendeu, mas diante daquelas palavras o olhar daquele homem se direcionou a mulher que estava na sua frente, onde finalmente compreendeu que a baronesa não era bonita, mesmo tendo os cabelos vermelhos como uma raridade, aquela mulher tinha uma expressão tão dura que parecia que exalava a soberba de quem gostava de causa dor aos mais fracos, foi assim que com uma voz mais gelada que o inverno, com a voz mais cristalina possível, ordenou:
– Engravide a minha enteada!
A baronesa percebeu que o escravo perdia a expressão fechada de outrora, naquele momento era a desconfiança que inebriava o seu rosto, mas tudo foi esclarecido em rápidas palavras, palavras essas tão duras quanto uma sentença de morte, palavras essas que saiam como um desabafo de tantos anos em que acumulava o desgosto de amargura, palavras essas que eram despejadas com toda a crueldade que tanto queria ocasionar:
– Eu poderia ordenar que qualquer escravo engravidasse aquela cabrita, tenho certeza que o meu marido reviraria no inferno vendo aquela desgraçada parindo um cativo, isso seria a maior desgraça que uma moça de classe pode enfrentar, mas eu não desejo que façam isso por obediência a uma ordem minha, não, não desejo isso, uma vez que o que eu quero é que a minha enteada sofra em face de um homem que tem o mesmo ódio que eu sinto na alma, eu desejo que a minha enteada chore de angústia, sofra como nunca a defloração que deverá suportar, eu desejo que aquela demônia seja engravidada da forma mais desumana possível!
A baronesa de Matacavalos chegava a lacrimejar diante de sua intensa raiva, chegava a ficar vermelha em exalar todo o ódio que sentia em face não só daquela enteada, mas também em face daquele marido que morreu como bem merecia, mas ainda tinha o espírito vivo o suficiente para ver tudo o que a sua filhinha querida iria passar, razão pela qual aquela maligna mulher estava diante de um escravo que era o dobro de seu tamanho, um gigante monstruoso, cheio de cicatrizes que ocasionavam amarguras para o que poderia causar aquela desgraçada.
– O meu marido te estancava todos os dias, o meu marido te queimou em ferro ardente, o meu marido humilhou o seu povo durante anos, o meu marido transformou a sua vida num inferno, tanto que o tronco diante daquela senzala é vermelho por causa de seu sangue. Portanto, eu creio que estás na hora de vingar-se de seu senhor engravidando sua única filha, está na hora de colocar um filho dentro daquela desgraçada, saiba que as regras dela desceram há poucos dias, ela já é uma mulher pronta para gerar um escravo, essa sim é uma vingança digna de um barão!
O escravo Robério não imaginava que algo assim iria ocorrer, pouco poderia esperar daquela mulher misteriosa, pouco imaginava o intenso ódio que ela sentia do marido, mas ainda assim, cheio de surpresa, aquele homem viu uma oportunidade de vingança, uma vez que sentia orgulho dos duzentos herdeiros que colocara no mundo, mas muito mais orgulho sentiria daquele filho mestiço que colocaria dentro daquela sinhazinha que bem merecia ser castigada!
Por fim, mesmo com o olhar mais duro possível, com a expressão mais ameaçadora que um homem poderia ter, havia um sorrisinho na sua voz grossa que mais parecia um rosnado:
– Engravido a putinha!
O escravo Robério vislumbrou uma oportunidade de vingança, pois recebeu a missão de engravidar a mocinha, contudo encorajou-se a engravidá-la da forma que mais lhe trouxesse dor, utilizando do caralho como um instrumento de tortura, tudo para que em cada pirocada fosse um alívio a cada chibatada que levou na vida.

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4 Comentários

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  • Responder Jskskskkssk ID:h5i09afij

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  • Responder anonimo ID:1ebfztck12jf

    pena que demoram para continuar os contos as vezes nem continuam

  • Responder Sleepsex ID:1elheg23elne

    Adorei! Estou louco para ler a continuação

  • Responder anonimo ID:1dsb3wruk736

    muito bom continue