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Seu nome era Yago

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Não havia alternativa. Eu, um cara de 26 anos, bonito, formado em Engenharia Florestal e fadado a me subordinar a um empreguinho tão meia-boca. Bixo, eu lembro bem do início; olhava pra aquele espelho manchado e quebrado que ficava logo acima daquela pia e a realidade me afrontava: “Peão”. “Caseiro”.
Uma parte de mim não queria aceitar de forma alguma, mas fazer o quê? O desemprego e a falta de oportunidades nos levam, muitas vezes, a extremos.
Bem, deixem-me esclarecer. Meu nome é Valter, tenho, hoje, 31 anos, sou formado em Engenharia Florestal, e, uns quatro a cinco anos atrás, quando tinha acabado de concluir o curso em Minas, vi-me numa situação complicada, pois não consegui arrumar emprego e eu sempre tive forte a necessidade de trabalhar, sabe, nunca consegui ficar sem fazer algo, sem ter meu dinheiro. Eu já estava a dois meses sem nada, pois desde que havia acabado o meu curso, fui dispensado do emprego ?e meio período que conciliava. Já estava considerado a possibilidade de ir embora de volta pra meu estado natal, Alagoas, mas não queria isso de forma alguma. Enviava currículos e nada, estava complicado. Até que um dia, ao dobrar a rua, escutei, por alto, um coroa, de uns 54 anos, falando pra um vizinho da esquina: “Pois é, parceiro, se souber de alguém que esteja precisando, me dá uma ligada? Mas tem que ser um homem igual te falei. E não esquece: solteiro”. Na hora, parei, vi o coroa ligar o motor da Triton e partir cantando pneu. Bateu a curiosidade e dirigi-me ao Marcos.
– Boa tarde, seu Marcos.
– Boa tarde, Valter. E aí, meu filho?
– Vou bem. Me diga, esse homem que saiu daqui agora…?
– Hum… Tá procurando um jovem forte pra trabalhar no… É seu Carlos. Pra trabalhar na roça dele.
– Ah… Pensei mesmo que fosse algo do tipo. Ele lhe deu o número dele?
– Eu… Eu tenho aqui. Mas num é pra você, né?
– Na verdade, seu Marcos, as coisas não tão muito fáceis, e eu faço qualquer coisa pra não ter que voltar pra onde eu vim.
– Meu filho (pegou em meu ombro), tenha paciência, que tudo vai se ajeitar. Você… Sua faculdade lá… Como é mesmo o nome… É…
– Engenharia Florestal, seu Marcos. (Falei, olhando pro chão)
– Pois é. Terminou esses dias, num foi? – Assenti – Pois tenha paciência, rapaz.
– Sim, eu tenho deixado uns currículos, mas não posso ficar de braços cruzados. Tenho o aluguel, o…
– Você é um rapaz especial, meu filho, e Deus é pai. Vou pegar o número pra ti.
Sei que seu Marcos passou-me o número e liguei, ali mesmo. Bom, pra resumir a história, aceitei a proposta de emprego e, assim que Seu Carlos foi me buscar em casa já gostou muito de mim, logo de cara.
– Tu vai gostar de lá, rapaz, tem pouco serviço lá. É só dá comida pros bixos, fazer uma limpeza ao redor, essas coisas. Ah… E cuidar bem do Yago quando ele for pra lá. Ele vai gostar tanto de tu (dizia o velho com um sorriso de orelha a orelha enquanto ajudava-me a pôr as malas na carroceria), é forte, alto, bonitão.
Na hora, franzi o cenho e perguntei:
– Yago?
– Ah, sim, eu tenho um filho que adotei. O Yago. Tem oito anos, ele vai sempre lá pra chácara quando tem peão lá que possa fazer com ele as coisas que ele gosta. O menino é um grude às vezes, quer viver em cima do cavalo, nos garapés… Vocês vão se dar bem.
– Hum…
Achei a conversa um pouco esquisita, mas não dei tanta bola. Fomos pra chácara. Ficava a cerca de uns 20 km de Ouro Preto.
Desci da caminhonete e me instalei. A chácara tinha um ar de campo bastante agradável. Havia um curral, a casa, galinheiro, um chiqueiro, garapé, reservatórios e uma pequena barragem.
– Esses bois?
– Ah, são meus mesmo. Têm só umas dez vacas leiteiras e uns bezerros. Nada muito difícil de lidar.
– Sim.
– Olhe… E aí? Gostou?
– Sim, seu Carlos, vou fazer de tudo pra não lhe decepcionar. Muito obrigado pela oportunidade.
– Quê isso, Valter… Como lhe disse na viagem, você poderá ir pra cidade comigo em dois finais de semana no mês, tá bem? Daí te trarei nas segundas.
– Sim. Está ótimo .
– O salário que tô podendo pagar é só 4.500,00.
Comecei a tossir involuntariamente com o que acabava de ouvir.
– O quê?
– Quatro ponto cinco. Tá bom pra tu?
-O senhor tá falando sério? (aquilo era surreal, era muito pra um simples empreguinho de caseiro, era talvez até mais do que eu ganharia na cidade como engenheiro).
– Êêê moreno, e eu lá sou homem de brincar quando o assunto é meu bolso? (Sorriu) Diga lá… Quatro mil e quinhentos por mês tá bom pra ti? Posso pagar de uma vez só a cada mês ou em duas partes, a cada vez que tu for pra cidade.
Por aquele salário eu até moraria de vez naquele lugar. Kkk
– Como o senhor preferir. (Disse, radiante).
– Bom, vou indo. Qualquer coisa, me liga. Tem um aparelho rural instalado na sala. Ah… (Disse, já entrando no carro) Tu sabe cozinhar, né?
– Sei. Sei sim.
-Beleza.
O coroa fechou sua porta e corri pra abrir a cancela pra ele. Buzinou ao passar por mim.
Olhei ao redor e tudo o que minha mente tamborilava era meu salário. Eu que estava esperando por um mísero salário mínimo, mas quase cinco mil, puta que o pariu. Era bom demais pra ser verdade. Rememorei as palavras de seu Marcos como uma profecia: “[…] e Deus é pai”. Sim, pensei.

Dois dias após ter me deixado na chácara, eis que eu estava agoando a horta quando ouço uma caminhonete se aproximando. Corri pra abrir a cancela do jeito que eu estava, só de bermuda jeans, de sandália e sem camisa. Era seu Carlos e mais alguém no carro. Quando desceu, já foi dizendo:
– Bom dia, Valter.
– Bom dia, sei Carlos.
– E aí?
– Tudo nos conformes. O senhor trouxe o sal (pro gado)?
-Tá aí atrás. Ontem quando tu me ligou esqueci de te falar que ia trazer o Yago. Ele era pra vim só sexta, mas aperriou tanto quando disse pra ele de ti…
Olhei pro vidro meio fumê do carro e vi um serzinho que me olhava atentamente.
-Ah, seu filho… Num vai descer?
– Acho que ele tá tu ir lá pegar ele por causa do sol, sei lá. Ah, Valter, isso é cheio de manha. Vai te acostumando. Pois é… vou deixar ele aqui e pego na sexta.
– Ãh? (Assustei. Agora eu seria babá?)
– Sim. Mas não se preocupe. Tá dentro do bom salário que vou te pagar, meu filho. Não se sinta injustiçado, tu vai ganhar bem pra isso. Não é mesmo?
Comecei a enxergar uma fração do cinismo do velho.
– Claro, seu Carlos.
– Além do mais, tu vai gostar da companhia dele. (Sorriu com malícia, o que eu só iria entender e reconhecer depois).
A bozina da caminhonete, ainda ligada e com os vidros fechados, tocou.
-Ergui a cabeça em sua direção, vencendo a luz ofuscante do sol, tentando em vão enxergar dentro da cabine. Quando voltei o olhar pra seu Carlos, ele me encarava diferente.
-Rapaz…
– Opa?
– Tu é bonito, em?
Me enchi de vergonha e falei desconcertado, sorrindo:
– Eu? Nada, seu…
– Esse tempo todo ď de casa, morando só em Ouro Preto fazendo faculdade e (arregalei os olhos pro velho, pois eu não havia lhe dito de minha formação. Deve ter sido o seu Marcos, pensei) nenhuma namorada…? Ou tu é daqueles tipão pegador?
– Ah, vez ou outra aparece, o senhor sabe… (sorri)
– Sei. Pois é. Eu tenho a Laura como esposa há vinte anos, sabe, já apareceu várias e (se levantou e pegou em meu ombro forte, apertando) nunca dispensei. (Sorriu) Sou homem po. Mas não é porque sou homem que sou ignorante e não posso admitir e reconhecer um rapaz tão bonitão igual você. Tu devia tá na televisão, rapaz. (Gargalhou)
Realmente, sempre tive a beleza como um dom dos céus; 1.85 de altura, moreno, olhos e cabelos negros, sobrancelhas grossas, musculoso na medida, peitos cabeludos e barba fechada.
-Quê isso, seu Carlos… Assim fico todo sem graça (Sorri de canto de boca, pois eu realmente estava, e lhe encarei).
-Deixa de frescura, macho (sorriu). Vá lá. Isso aí é o Yago querendo que tu vá pegar ele lá no colo, tenho certeza. A Laura acha um alívio, na verdade, quando ele vem pra cá. Eles não se dão muito bem, ela foi contrária à adoção. Mas eu não deixo mulher mandar em mim não. O dinheiro é meu, é tudo meu, e se eu tivesse de escolher seria o Yago. Ele é tudo pra mim. Vá lá buscar ele.
-Balancei a cabeça e fui na direção do carro. Quando abri a porta quase tive um torço.

Eis que vejo um… um… nem sabia dizer, na hora, se era menino ou menina. Pele alva, delicada, coberta por uma blusinha rosa (que até hoje tenho aqui em Alagoas), cabelinhos lisos e dourados, com franjinha, unhas grandinhas e pintadas de um rosa clarinho, brinquinhos com uma pequena pedrinha, e um brilho labial transparente na boca carnuda e bem desenhada… Foi uma visão aterradora. Um êxtase de susto com fascínio. Não saberia definir. Apenas hoje sei, com o coração que prsa com as lembranças.
Olhei pra cima, na direção do coroa, que já não estava mais debaixo da mangueira, e pro menino, novamente, buscando entendimento, sei lá o quê.
Olhei pra dentro do carro, procurando um menino, e pra aquele serzinho novamente (não pode ser, pensei).
– O… oi… Quem é você? (Ainda tentando acreditar que se tratava de uma menina).
– Papai não disse? (Falou, me encarando com um sarcasmo super maduro e um sorriso leviano) Sou o Yago. Infelizmente. Mas, no futuro, vou mudar a porcaria desse nome também.

PQP. Me transportaram pra um cenário imaginário? Pensei.
– É… Val… ? (Falou, balançando a mãozinha em direção ao meu rosto e razendo carinha de confuso, a coisa mais linda, meu Deus do céu).
Eu o olhava atônito, meus olhos nunca estiveram tão ágeis e minha mente tão atônita. Mas pude perceber que ele dirigia-se a mim.
– Valter!
– Sim, claro, Valter. Me tire daqui, por favor? Levantou os dois bracinhos em minha direção. Não quero pisar nesse chão quente -disse, com desdém, sendo que estava de sandálias-.
Fui pegá-lo, abaixando-me pra dentro da cabine e nossos rostos ficaram a um palmo de distância. Ele passou a mãozinha por detrás do meu pescoço e me puxou, enquando cravava de leve as unhas em minha pele grossa. Soprou em meu ouvido, num sussurro, me fazendo esteemecer: – Você deve abrir o cinto.
Juro que não sei se pelo fato do seu cheiro de um perfume super feminino e provocativo, ou pelo toque em meu pescoço, ou pela foz melodiosa e satânica em meu ouvido, senti minha pica endurecer dentro da cueca, enquanto apreciava, de olhos fechados, aquele ser de oito aninhos e super dotado de inteligência, esperteza e safadeza falando em meu ouvido esquerdo. Puxei a cabeça um pouco pra trás, com sua mão ainda em minha nuca, e olhei, instintivamente, pro meio de minhas pernas, falando, também num sussurro:
-Não tô de cinto. Meu pau pulsou, e o pequeno viu e me encarou, mordeu o lábio inferior e soltou uma risada linda e diabólica. Eu nem piscava olhando sua face perfeita.
-Seu bobo. Eu estou falando desse cinto aqui (Tirou a mão de meu pescoço e apontou pro seu cinto de segurança). Nessa hora eu que fiquei ultra-costrangido e me desvecilhei, abrindo seu cinto.
-Vamos… me pegue no colo! (Disse com autoridade)
MAS QUE PORRA É ESSA? Pensei.
Peguei Yago em meus braços e tirei-o da cabine. Na hora em que estivemos pele a pele, na luz do sol, assim que pus-me ereto, com sua bunda carnuda sobre meu braço direito, ele enlaçou me o pescoço com seus finos braços, colou a boquinha em meu ombro suado e gemeu. Meu pau parecia ferro como há anos não me sentia daquele jeito.
-O que foi? (Perfuntei, tentando em vão encontrar seus olhinhos).
– O sol tá quente (disse choroso).
– Vou te levar pra dentro.
– Pera… (disse, levantando o rostinho do meu ombro e me encarando).
Yago passou a mão em meu peitoral, subindo debaixo pra cima, favendo meus pelos encrisparem na palma de sua mão macia e branca. Subiu a mão e fez o mesmo em minha barba, toda a minha carne queimava de um desejo desconhecido e avassalador. Eu o encarava com ímpeto., e ele a mim. No momento esqueci-me até de seu pai. Então falou-me (fazendo-me soltar um grunhido baixo de um tesão que já doía):
– Você é o mais lindo de todos até hoje.
Gemi, sentindo meu coração bater como um tambor de macumba. Mais uma vez indagando em meu pensamento: MAS QUE CARALHO É ESSE, BIXO?

Continuo a história? Sei não… será que devo?

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11 Comentários

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  • Responder Anônimo ID:1e6jfu72j370

    Gostei muito bom espero a continuação.

  • Responder Torinho ID:1cofw08nk8bt

    Haha continua sim 😀

  • Responder Messin ID:on932u049k

    Continua que eu to gostando muito

  • Responder Messin ID:on932u049k

    Por favor contínua

  • Responder Anônimo ID:1dbwjy5felz9

    8 anos é foda. Que fetiche esse povo tem de criança de 5 a 8.

  • Responder Mlkaosafado_mt ID:1erhfp3f12k3

    Então… Curioso aqui querendo o restante desse relato

  • Responder Artur ID:8eez7a5rhm

    Cadê a continuação….

  • Responder Ronaldo B ID:1ebcaxic6p6e

    Muito show. Quero ver a sequência. Continua.

  • Responder Anônimo ID:w72wkg40

    Bicho e com “CH”

  • Responder Anônimo ID:1uxan2v2

    Continua

    • Magoo ID:1dx0wvqbnlq1

      Voce escreve muito bem, se tiver histórias de adultos seria melhor