O Seminário era um lugar de perdição 5 – De volta a nossa “Casa”

Segundo semestre as coisas foram voltando a rotina, porém chegou o momento do estágio vocacional para os garotos que entrariam no ano seguinte.Um dos estagiários me surpreendeu

Tudo transcorria normalmente no segundo semestre, já éramos um número bem menor de quando começamos o ano, alguns desistiram outros foram “convidados”a se retirar e a vida foi seguindo seu rumo em “nossa casa”.
Sempre há um fim de semana, logo no mês de Agosto, dedicado ao estágio vocacional, momento em que os “candidatos” externos (que estão concluindo o primeiro grau fora do seminário) têm a oportunidade de conhecer nossa rotina e todos nós seminaristas, somos responsáveis por esses candidatos, o que sabiamos é que seriam 14 garotos e surpreendentemente havia um de minha cidade. De certa forma fiquei curioso para saber quem seria, pois nas férias não houve nenhuma conversa, nenhum comentário, sobre isso pelo padre da comunidade e a cidade não é tão grande assim, de qualquer forma só saberia chegando a data mesmo, pois os padres do seminário não falavam nada sobre eles para nós, nem mesmo o nome.
Enquanto não chegava o dia do estágio eu e João íamos levando nossa vida tranquilamente (entre a cruz e a espada) ele me contou tudo sobre o coroinha com quem teve o relacionamento nas férias e eu idem sobre o Igor.
Chegando o tal fim de semana de estágio vocacional, na sexta-feira os candidatos iam chegando, sabia que o garoto de minha cidade só chegaria após as 14:00 pois havia apenas dois horários de ônibus da cidade onde eu morava até onde ficava o seminário e eram 6 horas de viagem, estava trabalhando na horta da casa junto com outros colegas quando o tal candidato chegou, estava eu concentrado em meus afazeres quando escutei alguém falando, com uma voz já conhecida.
“-PP, como está você a quanto tempo?” – senti um toque nas costas ao me virar para ver quem era…
“-Igor, o que faz por aqui ?” – Num misto de surpresa e susto
“-Vim para o estágio vocacional”
“-Sério? mas você não me disse nada nas férias”
“-É que ainda não tinha me decidido se faria o não”
Olhei para os lados, vi que os outros colegas olhavam enquanto conversávamos, mesmo sem jeito tomei a liberdade de apresentar meu conterrâneo aos colegas
“-Pois bem pessoal, esse é o Igor, ele é lá da minha terra”
Os outros colegas logo trataram de parar o que estavam fazendo para cumprimentar ele que logo em seguida já estava “trabalhando” conosco colocando a mão na terra também, depois fomos jogar futebol e os maiores assumiram os trabalhos na horta
A tarde/noite no refeitório no horário do jantar, houve a apresentação oficial dos vocacionados eles se distribuiram para sentar conosco e se enturmar, Igor ficou em uma mesa diferente da minha, durante o jantar, mostrei a joão que estava na mesma mesa que eu, quem era o garoto do lago, eu mesmo não acreditava no que estava acontecendo,
Eu estava na equipe da cozinha e após a janta ajudei a limpar e organizar o refeitório, três estagiários nos ajudaram por isso o serviço terminou rápido.
Durante a noite chamei João para darmos uma volta na casa.
“-Você tá ligado que esse menino provavelmente estará aqui ano que vem né ? esse é o que te falei do lago”
“-Sério mesmo ? Então você terá trabalho no próximo anos”-João fala entre risos
“-Trabalho? tu é maluco ? Ele nem me disse nada que ia vim, nem sabia que ele era vocacionado, ele ainda me perguntou sobre a vida no seminário mas só, nem entrei muito em detalhes”
“-Pois é, só terá que ficar mais esperto no próximo ano, mas vem cá, ele é bonitinho”
“-Pronto, tá de brincadeira? só faltava essa agora”
“-Não que isso to falando a real, também não ia resistir se ele fosse no lago”
“-Depois vou descobrir qual a dele, porque não me disse que viria fazer estágio”
“-Ué, não falou porque não quis, você é só mais um seminarista e ano que vem ele será mais um de nós”
“-Você tem razão, bola pra frente”
Depois dessa conversa nos reunimos com os demais colegas e com os vocacionados no salão de jogos, depois tivemos a oração da noite e o momento de silêncio, coincidentemente Igor ficou no mesmo dormitório que eu, no dia seguinte no café da manhã sentamos na mesma mesa
“-O que está achando daqui? como foi a noite de sono?”
“-Gostei do lugar, dormi bem apesar do abre e fecha de porta até desligarem a luz, foi tranquilo”
“-Que bom que gostou”
“-Gostei sim, perguntei para você sobre a vida aqui para ter uma idéia, mas não tirando a distância de pai e mãe acho que o restante é tranquilo”
“-É sim você vai gostar”
Depois de tomarmos café fomos para as rotins diárias: aulas, trabalho, esporte, etc. A noite depois da missa na comunidade viemos juntos eu Igor e João e fomos conversar no campo
“-Então vocês dois são amigos?”-Pergunta Igor no breu enquanto caminhamos em volta do campo
“-Sim, digamos, uma espécie de companheiros aqui dentro um é o apoio do outro”-Responde João
“-Pois é, somos confidentes é importante você ter em quem confiar além dos formadores aqui na casa”-
“-E os confidentes sabem tudo um do outro?”
“-Sabem sim”
“-Então você deve ter dito para seu amigo o que aconteceu no lago?”
“-Elu sei o que aconteceu Igor”
‘-Contei para ele, não tinha porque guardar,ele não vai contar para ninguém”
“-Está escuro aqui não acham?”
‘-É normal”
“-O que acham de bater uma aqui? ninguém vai ver mesmo”
“-Por mim sem problemas”-Responde João
“-Na boa eu to fora dessa, vocês façam o que achar melhor mas sejam rápidos daqui a pouco temos confraternização no salão e logo notarão nossa falta”
Depois disso escutei os ziperes das calças de Igor e João se abrindo e sem cerimônias um bate para o outro ali mesmo até ambos gozarem depois disso recolheram seus paus e fomos para a confraternização, lógico que ambos passaram no banheiro se limpar para seguir adiante eu fiquei apreensivo mas ninguém percebeu nossa breve ausência
O estágio terminou no Domingo no horário do almoço, porém Igor ficou conosco até as 15:00 quando então o acompanhamos até a Rodoviária onde ele pegou o ônibus das 16:00 para retornar para casa.
“-Seu amigo é bem fogoso hem PP”
“-Nem me fale, estou vendo a folia que isso aqui vai virar ano que vem caso ele entre” (risos)
Eu e João tivemos nossas “aventuras” no decorrer do Semestre as vezes até mesmo arriscando sermos visto (como por exemplo no sábado a noite em que ficamos sozinhos na sala de video (João era o responsável por abrir e fechar a sala) depois de assistirmos um filme junto com o demais colegas (comédia) e nos masturbamos e nos beijamos muito.
O ano seguinte além da entrada de Igor no Seminário, meu irmão que terminara a Filosofia e a um ano já era um “religioso” da Congregação, foi transferido da Paróquia onde estava trabalhando e designado a trabalhar na formação no Seminário em que eu estava, em seu 2º ano de Tirocínio ou estágio probatório. Isso significava de certa maneira que teriamos que ser mais cuidadosos em nossas “escapadas”, mas isso é assunto para o próximo conto..

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